Embora o Partido Social-Democrata (PSD) liderasse as eleições legislativas na Romênia com 26% dos votos, segundo pesquisa de boca de urna divulgada após o fechamento da votação deste domingo (1º), a ultradireita também registra avanços significativos no pleito, que teve a maior taxa de participação em duas décadas, de 52%.
A soma dos votos de todas as siglas ultradireitistas supera 30% —nas eleições anteriores, em 2020, foram menos de 10% dos votos. Se as projeções se confirmarem nos resultados oficiais, uma coalizão pró-Ocidente liderada pelo PSD teria cadeiras suficientes para formar maioria, mas a ultradireita teria uma força substancial no governo.
As pesquisas de boca de urna não incluem, porém, os votos das centenas de milhares de romenos que trabalham no exterior, dos quais se espera o favorecimento da ultradireita e do partido de oposição centrista da candidata à Presidência Elena Lasconi, do USR. Na votação para o Parlamento, o USR obteve 15% dos votos.
O pleito legislativo no país do Leste Europeu acontece entre os dois turnos das eleições presidenciais, sobre as quais há dúvidas sobre a confiabilidade. No primeiro turno, realizado no último domingo (24), o candidato independente de ultradireita Calin Georgescu ficou em primeiro lugar.
Uma eventual vitória de Georgescu alteraria a política na Romênia e poderia comprometer a posição pró-Ocidental do país. Os romenos vão às urnas para a decisão na próxima semana, no dia 8 de dezembro, após uma campanha dominada pela preocupação dos eleitores com o custo de vida e pela raiva com as disputas internas e acusações de corrupção.
“Os romenos enviaram um sinal importante à classe política”, disse o primeiro-ministro Marcel Ciolacu, do PSD, após a publicação das primeiras pesquisas deste domingo. Ciolacu —que concorreu à Presidência, mas não obteve votos para chegar ao segundo turno— avalia que o país quer se manter no caminho europeu, “mas também proteger nossa identidade e nossos valores nacionais”.
Nesta corrida legislativa, a ultradireita se dividiu em formações que tinham em comum a oposição ao apoio dado pela União Europeia à Ucrânia para enfrentar a invasão russa, assim como a defesa dos ideais cristãos. Desde a queda do comunismo em 1989, nenhuma força política havia tido um crescimento similar.
Na sexta-feira (29), a Corte Constitucional da Romênia adiou para esta segunda (2) a decisão sobre a possível anulação do primeiro turno das eleições presidenciais por suspeitas de interferência na campanha.
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