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Guerra completa três anos com Ucrânia temendo preço da paz



A guerra da Ucrânia, que completa três anos nesta segunda-feira (24), já cobrou um preço altíssimo do país invadido, em termos humanos e econômicos.

Segundo dados da ONU e do governo, mais de 46 mil militares ucranianos e mais de 12 mil civis da Ucrânia já foram mortos no conflito. Entretanto, estimativas de outras fontes indicam que os números podem ser bem maiores.

Um relatório do think tank americano Instituto Quincy para a Governança Responsável apontou que, devido ao fluxo de refugiados para outros países, a população ucraniana hoje é de 28 a 30 milhões de habitantes, sendo que no pré-guerra cerca de 42 milhões de pessoas moravam no país.

O estudo indicou também que, até o final de 2025, a Ucrânia pode acumular perdas de US$ 120 bilhões no PIB e de US$ 1 trilhão em infraestrutura e estoque de capital desde o início da guerra.

Com o início das conversas entre os governos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do ditador da Rússia, Vladimir Putin, para pôr fim à guerra, a Ucrânia vive a esperança da paz, mas ao mesmo tempo a tensão de imaginar quanto terá que pagar por isso.

Trump afirmou que quer US$ 500 bilhões de recursos naturais da Ucrânia, como minerais estratégicos conhecidos como terras raras, como compensação pelo que os Estados Unidos já gastaram na guerra e como garantia de segurança futura.

Esse valor representa mais que o dobro do PIB anual da Ucrânia, que, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), foi de US$ 184,1 bilhões em 2024.

Além dessa discussão sobre o preço da ajuda dos americanos, a Ucrânia se depara com a resistência russa em deixar as regiões ucranianas no leste e sul que Moscou ocupa, anexadas à Rússia por meio de referendos fraudulentos. Essas áreas somam cerca de 20% do território da Ucrânia.

Este mês, o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, indicou que a Ucrânia não deve contar com a recuperação total das regiões invadidas.

“Devemos começar reconhecendo que retornar às fronteiras da Ucrânia pré-2014 é um objetivo irrealista”, afirmou, citando o ano em que a Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia e separatistas pró-russos começaram um conflito no leste do país, precedendo em oito anos a invasão de grande escala de 2022. “Perseguir essa meta ilusória só prolongará a guerra e causará mais sofrimento.”

Outro preço que a Ucrânia provavelmente terá que pagar é não entrar na Otan, a aliança militar do Ocidente. “Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à Otan seja um resultado realista de um acordo negociado”, acrescentou Hegseth.

Zelensky já sinalizou concordar com o secretário americano nesses pontos. Este mês, ele declarou que, embora a Ucrânia não esteja desistindo de tentar ingressar na aliança militar, o país “deve construir a Otan no seu território”, ou seja, fortalecer suas forças armadas até “o mesmo nível do Exército russo” caso a entrada no bloco de defesa se torne realmente impossível.

Antes disso, no ano passado, após a vitória de Trump na eleição americana, Zelensky já havia abandonado o discurso de que a guerra só acabaria com a recuperação total das regiões invadidas.

Ele admitiu ceder, ao menos temporariamente, as áreas hoje ocupadas pela Rússia, sob a condição de que a Otan proteja regiões ucranianas sob domínio de Kiev, “e então a Ucrânia pode recuperar a outra parte do seu território diplomaticamente”.

Porém, a Rússia já descartou aceitar a presença de tropas da Otan na Ucrânia como forças de paz caso um cessar-fogo seja acordado.

Nessa equação com muitas variáveis ainda sem soluções claras à vista, os ucranianos têm a certeza de que já pagaram muito caro com a guerra – e a perspectiva de que pagarão também um alto preço pela paz.



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