O Irã informou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre planos de instalar mais centrífugas para enriquecimento de urânio em instalações de Fordow e Natanz, ao sul de Teerã, e ativar máquinas recentemente instaladas nos locais, de acordo com um relatório confidencial do órgão divulgado nesta quinta-feira (28).
O relatório enviado para os estados-membros, visto pela agência Reuters, detalha planos e a promessa de Teerã de adicionar milhares de centrífugas em resposta à aprovação de uma resolução contra o país pela Junta de Governadores da AIEA, composta por 35 nações.
O Irã já possui mais de 10 mil centrífugas operando em suas duas instalações subterrâneas em Natanz e Fordow e em uma planta acima do solo em Natanz. O relatório delineia planos para instalar mais 32 cascatas (grupos) de cerca de 174 máquinas cada uma e uma cascata massiva e sem precedentes de 1.152 máquinas IR-6.
O relatório, no entanto, não menciona o enriquecimento de urânio até 60% de pureza, próximo aos 90%, taxa usual em armas russas e americanas. Teerã se prepara para conversas na sexta-feira (29) com Reino Unido, França e Alemanha em Genebra para restaurar o diálogo com o Ocidente.
Pouco antes da reunião trimestral da semana passada do conselho da AIEA, o Irã ofereceu limitar seu estoque de urânio enriquecido em 60%, com a condição de que não fosse aprovada uma resolução contra o país pela Junta de Governadores.
Embora a AIEA tenha verificado que o Irã estava desacelerando o enriquecimento no nível mais alto e chamado isso de “um passo concreto na direção certa”, a junta aprovou a resolução proposta por Reino Unido, França, Alemanha e Estados Unidos que repete um apelo para que Teerã coopere mais com a agência da ONU.
O relatório não menciona a reversão da desaceleração no enriquecimento do Irã, mas afirma que o país informou à AIEA que oito cascatas recentemente adicionadas de máquinas IR-6 seriam ativadas para enriquecer o material atômico até 5% de pureza.
No fim de dezembro, relatório da AIEA apontou que o Irã havia aumentado em 27% o ritmo de enriquecimento de urânio no país. Teerã teria, na ocasião, 4.745 kg do produto com mais de 20% de enriquecimento, o suficiente para alimentar reatores de propulsão naval e algumas aplicações militares. O volume é 15 vezes maior do que o estabelecido no acordo nuclear assinado em 2015.
A agência estimou naquele momento em ao menos 128 kg a quantidade da substância com 60% de enriquecimento, um índice elevado. Esse material poderia ser usado em talvez três bombas atômicas menos potentes.
O enriquecimento é um processo no qual o gás hexafluoreto de urânio, obtido a partir de uma pasta do minério chamada “yellow cake” (bolo amarelo, em razão de sua cor), é girado em poderosas centrífugas para separar seus átomos mais leves, usados na fissão nuclear —seja controlada em reatores ou libertada em bombas.
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