Lar Gastronomia ‘Isabel’: filme reflete Interesse por vinhos naturais – 09/01/2025 – Isabelle Moreira Lima
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‘Isabel’: filme reflete Interesse por vinhos naturais – 09/01/2025 – Isabelle Moreira Lima


Aquele vinho de que você tanto gostou, aquele que provou no último jantar com os amigos, se fosse um filme, qual seria? De que tipo? Para o diretor de cinema Gabriel Klinger, os rótulos mais industriais são como os blockbusters que encontramos na Netflix. Já os filmes de autor, de cineclubes, estariam nos bares de vinho natural.

Klinger é o idealizador de “Isabel”, um filme que tem esse universo como pano de fundo. O roteiro é assinado por ele e Marina Person, que vive a personagem-título e, na vida real, além de cineasta e atriz, é uma grande embaixadora do vinho natural. Chegou perto de abrir um bar especializado em produtos fermentados em que eles seriam um dos carros-chefes, mas era 2020 e a pandemia mudou os planos. Agora, quase cinco anos depois, ela se prepara para abrir um bar voltado a essa bebida —no cinema.

Sim, um filme brasileiro cujo tema central é o vinho. Se há uma crise de consumo na bebida mundialmente, ela ainda não parece ter chegado por aqui. E mais: o interesse pela ala mais natural do vinho só floresceu. No longa de Klinger, Person dá vida a uma sommelière de restaurante de alta gastronomia que está cansada desse mundo e dos vinhos convencionais servidos ali. Quer fazer algo mais autêntico, que tenha mais a ver com ela e seu amor pelos chamados vinhos vivos.

Essa mudança de direção na vida, a ideia de que é preciso viver pelo que se acredita, tem a ver com a crise de meia-idade pela qual a protagonista passa, ponto central do filme. Mas quem conhece um pouco da turma do vinho natural sabe que há mesmo um misto de paixão, política e missão no discurso de quem defende a bebida feita com pouca intervenção e sem adição de insumos enológicos e químicos. Acaba virando filosofia de vida.

Ao idealizar o longa, Klinger não sabia do envolvimento de Person com os naturais. Enviou uma versão inicial do roteiro para a cineasta Regina Jeha, mãe de Marina, que conhecia o pai de Klinger de longa data —Laurence Klinger e Luiz Sérgio Person (1936-1976), pai de Marina, haviam trabalhado juntos em um roteiro jamais finalizado.

Jeha leu e se espantou: era como se Klinger estivesse falando da filha sem conhecê-la. Pôs os dois em contato e o resto é história. Ou melhor, longa-metragem, que ambos escreveram ao longo de um ano. “O roteiro é como um vinho, tem que passar por várias fases: primeiro fermentar; depois, você tem que se afastar um pouco dele, deixar ele ali estagiando. Depois que você abre, tem que decantar.”

No mês passado, o filme, produzido pela RT Features, de “Ainda Estou Aqui“, movimentou parte da cena mais moderna da bebida em São Paulo, filmando em locações como o Sede 261, em Pinheiros, que faz as vezes do bar de Isabel, e a Casa Tão Longe Tão Perto, na Barra Funda. Ali estava uma dezena de sommelières com trabalho relevante na cidade, além das produtoras da Casa Viccas. Com esse elenco, aliás, podemos ver que, na ficção e na realidade, o mundo do vinho anda bem mais feminino.

Vai uma taça?

Ainda no clima ufanista, depois da vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, vale provar a homenagem a outra dama brasileira das artes, a linha Vinhos 22

Tarsila, que tem um tinto de tannat bem redondo (R$ 104 na loja da 22) e um chardonnay tropicalíssimo (R$ 99, idem). Se o bolso tiver apertado mas a sede for grande, na Casa Tão Longe Tão Perto há taças a partir de R$ 20, como a do Sangiovese Valparaíso.


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