O governo de Israel se reunirá nesta sexta-feira (17) para decidir sobre a aprovação do acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas, após a votação ter sido adiada nesta quinta-feira (16).
A decisão ocorre depois que disputas sobre os termos do acordo foram resolvidas. Um representante do grupo terrorista Hamas afirmou à agência EFE que agora “todas as disputas sobre o conteúdo do acordo foram resolvidas”.
As negociações enfrentaram momentos de tensão desde o anúncio do acordo, com acusações mútuas. Autoridades israelenses alegaram que os terroristas do Hamas adicionaram condições de última hora no documento, enquanto o grupo terrorista islâmico negou e acusou Israel de “criar tensão em um momento crítico”.
O acordo proposto segue moldes semelhantes ao que foi mediado em maio de 2024, sob a supervisão do presidente em fim de mandato dos EUA, Joe Biden. Ele prevê a libertação gradual de reféns israelenses, incluindo mulheres, menores de idade e idosos, em troca de prisioneiros palestinos que estão detidos em Israel.
Nesta quinta-feira, a votação no gabinete do primeiro-ministro de Israel foi suspensa após o premiê Benjamin Netanyahu dizer que o Hamas havia rejeitado partes do entendimento inicial. O premiê citou que os terroristas estavam tentando obter concessões no último minuto. Em resposta, líderes do Hamas rejeitaram a acusação.
Debate no governo israelense
O acordo proposto provocou tensões dentro do próprio governo de Israel. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, do partido Sionismo Religioso, ameaçou deixar a coalizão que sustenta o premiê Netanyahu caso Israel não continue sua ofensiva militar após a primeira fase do cessar-fogo, programada para durar 42 dias.
Outro ponto sensível envolve o controle do Corredor Filadélfia, na fronteira de Gaza com o Egito. O acordo estipula que, na segunda fase, Israel cederia o controle dessa área estratégica. David Mencer, porta-voz do governo, ressaltou que a manutenção do controle sobre esta passagem é vital para “impedir o tráfico de armas ao Hamas”.
O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, do partido Likud – de Netanyahu, também expressou resistência à retirada de tropas do corredor. Ele afirmou no X que abandonará o governo caso Israel ceda o controle da passagem antes de alcançar todos os objetivos da guerra, incluindo a destruição das capacidades militares do Hamas.
Fases do acordo
O cessar-fogo será implementado em três fases de 42 dias cada. A primeira incluirá a libertação de 33 reféns, com prioridade para mulheres, idosos e feridos. Reféns do sexo masculino abaixo de 50 anos e soldados seriam liberados apenas em etapas posteriores. Segundo o acordo, Israel ainda manterá tropas no Corredor Filadélfia durante a primeira fase.
Com apoio de mediadores como Catar, Estados Unidos e Egito, a proposta é vista como uma tentativa de encerrar definitivamente a guerra. No entanto, a pressão interna no governo israelense e as desconfianças mútuas entre as partes tornam o cenário ainda incerto.
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