O presidente da França, Emmanuel Macron, acusou nesta segunda-feira (6) o bilionário Elon Musk de “apoiar uma nova internacional reacionária” e de interferir em eleições de outros países, incluindo a Alemanha.
“Há dez anos, se nos tivessem dito que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo apoiaria uma nova internacional reacionária e interviria diretamente em eleições, inclusive na Alemanha, quem imaginaria?”, questionou Macron durante seu discurso na conferência anual de embaixadores franceses, sem citar Musk de forma direta.
Macron comentou ainda sobre a “incerteza” vivida em um mundo cada vez mais “em desordem”, segundo ele, marcado pelo “retorno dos impulsos imperialistas, pelo questionamento da informação e do conhecimento e pelo questionamento muito violento do humanismo”.
Nesse sentido, afirmou que há “um grupo internacional de reacionários” representando “grandes interesses financeiros privados”, que se aproveita do fato de que “nossas democracias liberais não têm sido suficientemente eficazes” na proteção da classe média.
“Devemos conseguir uma agenda de defesa da democracia”, disse o mandatário francês, salientando que as grandes empresas de tecnologia, embora ofereçam novas possibilidades, também estão fazendo com que os Estados se sintam “ameaçados por seu poder crescente”.
Diante dessa situação, Macron mencionou a relação com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que o futuro inquilino da Casa Branca “sabe que tem um aliado sólido” na França.
Macron acrescentou que Trump, que assume o cargo em duas semanas, tem “uma ambição lúcida em relação ao relacionamento transatlântico” entre EUA e Europa, e lembrou que a França “soube trabalhar” com o republicano durante seu primeiro mandato.
Além disso, comentou que “se você for fraco e derrotista, há poucas chances de ser respeitado pelos Estados Unidos do presidente Trump”.
Críticas à Rússia
O chefe de Estado francês também ampliou suas críticas à Rússia e ao Irã. Sobre a Rússia, disse que o país “mudou” a maneira como exerce sua “agressão contra os europeus” e lembrou de sua interferência política e eleitoral no ano passado na Romênia, Moldávia, Geórgia e Armênia.
Também acusou Moscou de “globalizar de fato” a guerra na Ucrânia, que considerou ser um dos maiores desafios estratégicos enfrentados pela Europa.
Macron reconheceu que “não há uma solução rápida e fácil para este conflito”, mas também ressaltou que não haverá solução sem os ucranianos, algo que a Europa também não aceitaria.
Quanto ao Irã, afirmou que seu programa de mísseis balísticos “ameaça o território europeu” e que o país esteve envolvido na invasão russa da Ucrânia, bem como em conflitos no Oriente Médio. “A questão iraniana é uma das principais questões que abordaremos com o novo governo dos Estados Unidos”, declarou.
Crise no Oriente Médio
Sobre a guerra no Oriente Médio, disse que “não há justificativa para a continuação das operações militares de Israel” na Faixa de Gaza e que este ano deve marcar um “progresso em direção à materialização das aspirações palestinas”.
Até o momento, não há confirmação de um novo acordo entre o grupo terrorista Hamas e Israel para libertação de reféns sequestrados em outubro de 2023. Dos 251 reféns capturados pelo Hamas naquela data, 96 permanecem dentro da Faixa de Gaza – 34 deles confirmadamente mortos – enquanto 117 foram capturados vivos – apenas oito em operações militares – e 38 corpos foram resgatados pelas tropas israelenses no enclave.
Em quase 15 meses de guerra, as partes só conseguiram chegar a um acordo de trégua de uma semana no final de novembro de 2023, no qual 105 reféns foram trocados por 240 prisioneiros palestinos, além de interromper os combates.
Deixe um comentário