Ao menos 110 pessoas foram mortas no fim de semana na favela de Cité Soleil, no Haiti, quando um líder de gangue mirou em idosos que suspeitava serem responsáveis pela doença de seu filho através de feitiçaria, disse a Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos neste domingo (8).
Todas as vítimas tinham mais de 60 anos, informou o grupo de direitos humanos.
O líder da gangue Wharf Jeremie, Monel “Mikano” Felix, ordenou o massacre depois que seu filho adoeceu, disse o grupo de direitos humanos, afirmando que ele procurou conselho de um sacerdote de vodu que acusou os idosos da área de prejudicar a criança através de feitiçaria.
Membros da gangue mataram pelo menos 60 pessoas na sexta-feira (6) e 50 no sábado (8), usando facões e facas.
Cité Soleil, uma favela densamente povoada próxima ao porto da capital Porto Príncipe, está entre as áreas mais pobres e violentas do Haiti.
O controle rígido das gangues, incluindo a restrição ao uso de telefones celulares, limitou a capacidade dos moradores de compartilhar informações sobre o massacre.
Felix, que lidera a gangue Wharf Jeremie, foi em 2022 proibido de entrar na vizinha República Dominicana.
O filho de Felix morreu na tarde de sábado.
As Nações Unidas estimaram em outubro que a gangue de Felix contava com cerca de 300 pessoas e também operava ao redor de Fort Dimanche e La Saline.
La Saline foi, em novembro de 2018, o local do massacre de pelo menos 71 civis, enquanto centenas de casas foram incendiadas.
Em outubro, ao menos 115 pessoas foram massacradas em Pont-Sondé, uma cidade na região do Artibonite, o celeiro do Haiti, no que a gangue Gran Grif disse ser retaliação por moradores trabalharem com um grupo de autodefesa que dificultava suas operações de pedágio.
O governo, abalado por disputas políticas, tem lutado para conter o crescente poder das gangues armadas dentro e ao redor da capital.
As autoridades haitianas solicitaram em 2022 apoio de segurança internacional para a polícia local, mas a missão —baseada em contribuições voluntárias— que as Nações Unidas aprovaram em 2023 foi apenas parcialmente implantada e está severamente carente de recursos.
Líderes haitianos desde então pediram que a missão fosse convertida em uma força de paz da ONU para garantir melhor suprimento, mas o plano estagnou em meio à oposição da China e da Rússia no Conselho de Segurança.
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