O acordo do Mercosul com a União Europeia não é apenas uma oportunidade de integração comercial, mas um alerta: a Europa já não tem margem para manter os seus padrões de produção e consumo sem ajustes profundos. A globalização, com sua lógica de competição feroz e pressão por eficiência, obriga o continente a enfrentar duas questões centrais: o custo proibitivo da energia e a burocracia sufocante da produção agrícola.
Hoje, a energia é o maior gargalo da competitividade europeia. A aposta maciça em fontes renováveis, como eólica e solar, enquanto politicamente correta, tem gerado um déficit tarifário brutal. Pior ainda, a intermitência dessas fontes força o acionamento constante de termelétricas, elevando custos e comprometendo a segurança do sistema.
Nesse contexto, a energia nuclear ressurge como a única alternativa viável. Baixo custo operacional, estabilidade e ausência de emissões de carbono fazem dela uma opção estratégica –mas que encontra resistência tanto de ambientalistas quanto de governos paralisados por preconceitos ideológicos. Sem enfrentar essa questão, o futuro energético da Europa será uma corrida contra apagões, com impactos diretos na competitividade de sua indústria e no custo de vida da população.
No setor agrícola, a realidade é igualmente dura. A Europa impõe padrões altíssimos de bem-estar animal, uso de pesticidas e rastreabilidade –exigências que aumentam os custos de produção e tornam os agricultores europeus incapazes de competir com mercados mais flexíveis, como os do Mercosul.
Manter esses padrões frente à concorrência sul-americana é uma utopia. A única saída é desburocratizar a produção agrícola e flexibilizar regras que, embora louváveis em termos ambientais e sociais, isolam o agricultor europeu de uma realidade global cada vez mais competitiva. A Europa precisa decidir: ou adapta suas regulamentações ou assiste à desindustrialização de sua agricultura, substituída por importações em massa de produtos que seguem padrões bem menos rigorosos.
A Europa não tem tempo a perder. A globalização não espera pelos impasses políticos de Bruxelas nem pelos debates ideológicos sobre energia e sustentabilidade. O Mercosul chega ao mercado europeu como uma força econômica real, que obriga o continente a abandonar ilusões de isolamento.
A solução está na racionalidade: energia mais barata, com investimentos em fontes nucleares e hidráulicas, e desburocratização da produção agrícola. Não se trata de abrir mão de valores, mas de reconhecer que os atuais padrões são insustentáveis em um mundo globalizado. Ajustar-se não é uma escolha –é uma necessidade.
Sem essas reformas, o que a Europa enfrenta não é apenas o risco de perder competitividade, mas de se tornar irrelevante no cenário global. E irrelevância, no jogo econômico de hoje, é o primeiro passo para o colapso.
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