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Milei volta a ameaçar saída do Mercosul e diz que bloco enriqueceu apenas brasileiros




Presidente da Argentina quer sair de bloco comercial de países da América do Sul para selar acordo de livre comércio com EUA. Em discurso na abertura do Congresso argentino, Milei também disse que sua motosserra simboliza ‘mudança de época’. Presidente da Argentina, Javier Milei, volta a ameaçar saída do Mercosul durante discurso de abertura do Parlamento argentino em 1º de março de 2025.
REUTERS/Matias Baglietto
O presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a ameaçar a saída do Mercosul e diz que o bloco econômico, que reúne cinco países sul-americanos, enriqueceu apenas os brasileiros.
Em discurso no sábado (1º) na abertura do Congresso argentino em 2025, Milei falou sobre a possibilidade de sair do Mercosul para fechar um acordo comercial com os Estados Unidos. O presidente americano Donald Trump é um aliado do presidente argentino.
“O primeiro passo nesta trilha é a oportunidade histórica que temos de entrar em um acordo comercial com os EUA. Para aproveitar esta oportunidade histórica que nos é apresentada novamente, é necessário estar disposto a flexibilizar ou mesmo se for o caso sair do Mercosul, que a única coisa que conseguiu desde a sua criação é enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos”, disse Milei.
Milei também afirmou ao Congresso que sua “motosserra”, símbolo de seu plano de desmonte do Estado, representa “uma mudança de época” para Argentina.
Considerou que “os olhos do mundo hoje estão voltados para a Argentina” e que, “em alguns casos, até tomam nota” do que sua gestão tem feito “para aplicar em seus próprios países, como está fazendo Elon Musk à frente da agenda de desregulação dos Estados Unidos”.
Milei cogita saída do Mercosul por aliança com os EUA
O presidente argentino, Javier Milei, afirmou em 22 de janeiro que está disposto a retirar a Argentina do Mercosul, o bloco comercial que reúne cinco países sul-americanos, caso isso seja necessário para concluir um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
“Se a condição extrema fosse essa, sim”, respondeu o chefe de Estado quando questionado sobre a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul para firmar um acordo com Washington.
As declarações de Milei foram feitas durante um evento organizado pela Bloomberg em Davos, na Suíça, em paralelo ao Fórum Econômico Mundial.
Em dezembro, o líder ultraliberal argentino anunciou que pretende impulsionar um tratado de livre comércio com Washington em 2025, ano em que Donald Trump assumiu a presidência dos EUA.
“Estamos trabalhando muito intensamente na possibilidade de negociar um tratado de livre comércio” com os EUA, afirmou Milei, dois dias após ter participado da cerimônia de posse de Trump, seu aliado político.
Javier Milei participa do G20 no Rio
Pablo Porciuncula/AFP
Milei não esclareceu se pretende negociar esse acordo de forma independente ou em conjunto com os parceiros do Mercosul, que teoricamente proíbe negociações bilaterais sem o consentimento dos outros membros do bloco.
As discussões entre o Uruguai e a China em 2022 geraram oposição dos demais membros do Mercosul.
“Digamos que há mecanismos pelos quais é possível fazer isso permanecendo dentro do Mercosul”, afirmou Milei. “Portanto, acreditamos que é possível alcançar esse objetivo sem ter que abandonar o que já se tem no âmbito do Mercosul.”
O presidente argentino garantiu que está trabalhando com os países do bloco “para que isso não seja um impedimento para avançar em direção ao livre comércio”.
O Mercosul foi criado em 1991 e inclui Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, Bolívia. A Venezuela foi suspensa em 2016.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou em dezembro a conclusão das negociações para um acordo entre a União Europeia e o Mercosul, que ainda precisa ser ratificado.
No entanto, diversos países, incluindo a França, não estão satisfeitos com o acordo. A França busca reunir outros países europeus para bloquear sua ratificação.
Argentina de Milei: o que mudou um ano após o Plano Motosserra



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