Morreu na noite da sexta-feira (10) Edrey Momo, 55, empresário do setor gastronômico. Nascido em 1969 em São Paulo, Edrey era sócio da pizzaria 1900 e do restaurante Tasca da Esquina. A causa da morte foi um infarto.
O restaurante, que é uma filial da casa de Lisboa de mesmo nome, abriu há mais de uma década em São Paulo. O endereço acumula premiações do especial O Melhor de São Paulo Gastronomia, da Folha, na categoria restaurante português: é vencedor do prêmio em suas cinco últimas edições.
Além de gastronomia, tinha formação administrativa. Edrey, como era conhecido, foi muito ativo como porta-voz de demandas do setor gastronômico, em especial durante o período da pandemia, marcado por sucessivos fechamentos e baixas entre estabelecimentos.
Ao mesmo tempo em que atuava para promover reivindicações, tinha como uma das características mais marcantes o poder de reunir e conectar colegas, amigos e membros do meio.
Edrey esbanjava felicidade à mesa, nas horas em que passava planejando viagens, e, quando fora da correria do restaurante, dedicava tempo a ouvir os funcionários —com alguns deles, mantinha contato próximo.
No fim do ano passado, por exemplo, depois de um dia de casa cheia, foi assistir uma partida do Palmeiras, time do coração, com o funcionário haitiano Jeff, cuja filha era sua afilhada.
Eclético, Edrey admirava tanto The Carpenters quanto Alcione. Adorava blues e Gonzaguinha.Nas horas vagas, quando estava em São Paulo, adorava assistir a shows de música. A casa Bourbon Street, em Moema, era um de seus lugares favoritos.
Nos últimos meses, arrastava quem estivesse por perto para ver um show de samba ou música brasileira no Julinho Clube, em Pinheiros.
Viajar era outra de suas paixões. Momo gostava de Bali, uma ilha na Indonésia. Também era encantado por Portugal, onde, em 2008, conheceu o chef Vitor Sobral, da Tasca da Esquina de Lisboa, com quem montaria a sociedade da Tasca da Esquina.
O chef lusitano atua há mais de três décadas como uma espécie de embaixador da cozinha de seu país. Neste período, Sobral serviu uma lista de 15 presidentes e dois papas —entre eles, o russo Vladimir Putin e o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Primeiramente, o restaurante aberto em 2012 funcionava no número 225 da alameda Itu. Hoje o restaurante, funciona na rua Joaquim Antunes, nos Jardins, para onde se mudou no ano passado. Finalmente, em uma esquina.
Edrey passou boa parte da sua vida no Brooklin, zona sul de São Paulo. Atualmente, porém, morava nos Jardins, em uma casa ao lado do restaurante Tasca da Esquina.
Vivia com outras duas paixões, o cachorro da raça weimaraner Hachi e a cadela sem raça definida Cléo. Era justamente com seus dois cães que ele estava passeando nos arredores de sua casa, numa vilinha na Pamplona, quando sofreu o infarto fulminante.
Edrey nutria um apreço por motos. Adorava ir para o litoral norte, na praia de Santiago, em São Sebastião, onde tinha uma casa, para, como costuma dizer, “refrescar-se de natureza”.
Reveza esses laços naturais com a mãe, dona Kátia, num cultivo da planta que dá origem à baunilha, que eles mantinham num sítio nos arredores de Cotia, na Grande São Paulo.
Seu pai, o italiano Giovanni Paolo Momo (1939-2022), fundou a rede de pizzarias 1900 na Vila Mariana, no casarão que pertenceu à família —foi construído no início do século 20, por isso o nome 1900. Também tinha paixão pela música: além de tocar outros instrumentos, foi regente da orquestra sinfônica municipal.
Após poucos anos, Giovanni entregou a gestão ao filho Edrey, que comandou o negócio por 25 anos, até que o irmão, Erik Momo, assumiu a rede de pizzarias, hoje, espalhadas por São Paulo.
Nos últimos anos, Edrey dedicava-se a escrever um livro sobre empreender na gastronomia, contando suas histórias e trajetórias no universo da comida, que deve ainda sair pela editora Senac neste ano. Ele deixa dois filhos, Giulia 35, e Luca, 29, os dois pets, Hachi e Cléo, e uma legião de amigos e funcionários.
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