A contagem regressiva para o Natal começou e com ela a busca por produtos típicos da época. Item importante na mesa dos brasileiros na data, o panetone aparece em muitas versões —e nem sempre é fácil selecionar a melhor opção de compra.
Para auxiliar na escolha, a Folha convidou um time de jurados, entre especialistas e consumidores, para avaliar panetones, sem que suas marcas fossem conhecidas antecipadamente.
A degustação foi dividida em categorias: tradicionais artesanais (que têm massa de fermentação natural), de mercado (mais fáceis de encontrar e com preços mais acessíveis), recheados e com gotas de chocolate.
Os valores vão de R$ 9,99 a R$ 400, para contemplar diversos gostos e bolsos. O resultado não é um ranking, mas uma lista que avalia pontos fortes e fracos dos produtos, levando em consideração apresentação, massa, recheio, sabor e textura.
A seção Folha Prova oferece ao leitor um guia de compras e já testou itens como vinho, azeite e creme de avelã. Conheça as avaliações de panetone abaixo.
Panetones tradicionais artesanais têm massa fofa e úmida
Com massas que passam por fermentação longa ou natural e dão destaque às frutas secas, as versões artesanais foram bem na avaliação destacando a qualidade de sabores e texturas. Membros do júri provaram oito marcas.
Participaram da avaliação os jornalistas da Folha Gabriele Koga, Géssica Brandino, Lara Paiva e Mariana Agunzi, e Daniel Marcus Martins, professor do curso de gastronomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Dama
O panetone, com frutas secas como casca de laranja, limão, cidra e cerejas cristalizadas, agradou aos jurados de forma unânime. Eles destacaram o sabor cítrico e a massa, de textura fofa e úmida. “Ela tem o aspecto de algodão, que vai desfiando”, diz o professor Daniel Marcus Martins.
R$ 115 (500 g), @confeitariadama
Jaca Bô-Ah
Vegano, é recheado com frutas secas e a massa é feita com essência natural. Por cima, há uma farofa crocante de amêndoas. Para o júri, apesar de parecer massudo, é agradável pela crocância. “Parece um bolo de frutas, mas não é ruim”, diz Géssica Brandino.
R$ 120 (750 g), @jacaboah
Maestra La Pastina
Com uvas-passas, sultanas e cascas de laranja cristalizadas, agradou à maioria dos avaliadores com a apresentação e o sabor. A massa amarelada é macia e desfia. Por ser bem recheado, é doce, mas o toque cítrico agrada.
R$ 169,90 (750 g), @lapastina.oficial
Mocotó
O chef Rodrigo Oliveira preparou um panetone com ingredientes brasileiros, como buriti, banana, caju, goiaba e cupuaçu. Para o júri, o resultado é bom, mas alguns sabores não se destacam: o caju e a goiaba predominam. A massa é leve e a casca, crocante.
R$ 119,90 (550 g), @mocotorestaurante
Pikuchurra’s
A massa amanteigada não agradou ao júri, que a achou seca e pesada, lembrando um pão. As poucas frutas cristalizadas também não atenderam à expectativa.
R$ 62 (500 g), @pikurruchas
Rosewood São Paulo
A confeiteira Saiko Izawa combina goiaba seca e limão-rosa em um panetone moderninho, com alvéolos (buraquinhos) grandes, um ponto positivo. As frutas vêm em pedaços generosos, mas a goiaba seca não agradou os jurados, que a acharam rígida.
R$ 400 (500 g), @rosewoodsaopaulo
Tre Bimbi
A avaliação positiva foi consenso entre os jurados. O destaque é a massa, perfumada e úmida. No recheio, vão tâmara, damasco, uva-passa e laranja cristalizada, que dão um gosto azedinho agradável, segundo eles. As frutas são de boa qualidade e têm pedaços grandes, afirmaram.
R$ 99,90 (500 g), @tre.bimbi
Zulcare
Na opinião do júri, entrega o que se espera de um panetone tradicional, com massa macia e úmida e presença saborosa de frutas cristalizadas, como uvas-passas e cidras. A massa deixa um bom gosto amanteigado na boca.
R$ 140 (500 g), @zulcaredoces
Na categoria com as opções mais caras da degustação, os produtos, no geral, deixaram a desejar. De acordo com os jurados, faltou recheio. E, na maioria dos panetones, ele estava mal distribuído.
Com o protagonista em pouca quantidade, as massas apresentaram textura seca e não se destacavam. Em muitos casos, por causa da doçura exagerada do recheio e das coberturas, não dava vontade de repetir os pedaços.
O júri é composto pelos jornalistas da Folha Bruno Lucca, Isabela Bernardes e Julia Estanislau, pela cozinheira Giselle Oliveira e Katia Yoshihara, confeiteira e professora de gastronomia do Centro Universitário Belas Artes.
Brasil Cacau
O panetone Delírios de Gato Mia leva recheio de chocolate ao leite trufado, gotas de chocolate e cobertura de chocolate ao leite. A combinação estava equilibrada e os chocolates, saborosos —a jornalista Julia Estanislau, no entanto, achou muito doce. O recheio estava concentrado só no centro da massa, que poderia dosar melhor o açúcar, observaram os jurados da categoria.
R$ 129,99 (920 g), brasilcacau.com.br
Casaría
A novidade é o panetone recheado com pasta de café e gotas de chocolate gold e branco. Para o júri, faltou recheio. “Parece que a pasta de café foi incorporada à massa, que lembra um pão de mel, pois é doce e tem alvéolos mais fechados”, afirma Katia Yoshihara. O café aparece suave e seu amargor contrasta com o dulçor do chocolate branco, mas o chocolate gold passou batido. A opção pode decepcionar quem busca um panetone bem recheado, mas é saborosa, na avaliação dos jurados. “Funciona bem para comer com café ou chá”, diz a professora.
R$ 135 (600 g), @casariasp
Gelato Borelli
O pistache é a estrela do panetone Borelitto e aparece na forma de creme com chocolate branco no recheio e na cobertura, que leva ainda pedaços do fruto. O formato oval lembrou uma colomba pascal para os jurados. A cor verde da pasta chamou a atenção, e a massa tem toque agradável de laranja. O recheio estava cremoso, com gosto presente de pistache, mas faltou vir mais bem distribuído e em maior quantidade, disseram os avaliadores. A jornalista Isabela Bernardes, no entanto, achou que o panetone ficaria um pouco enjoativo se fosse mais recheado.
R$ 197 (750 g), @gelatoborellioficial
Kopenhagen
O panetone Pistache Exagero leva creme do ingrediente no recheio e pedaços na cobertura de chocolate ao leite, mais gotas de chocolate. Os jurados afirmaram que o sabor e a quantidade decepcionaram. “Pela cor, parece que foi usada essência de pistache”, diz o jornalista Bruno Lucca. Segundo o júri, a massa estava seca e o panetone deixou um retrogosto de manteiga.
R$ 199,90 (1,3 kg), kopenhagen.com.br
Le Blé
Novidade deste ano da padaria artesanal, o panetone Gianduia é recheado com creme de chocolate e avelã feito na casa, mais gotas de chocolate. A opção agradou aos jurados de forma unânime. Para eles, a massa (feita com levain) é úmida e saborosa, e o chocolate, nem muito doce nem muito amargo, está equilibrado e vem em boa quantidade. A observação é que faltou o recheio de creme de avelã anunciado
—ele chega num pote à parte, para passar nas fatias.
R$ 139 (500 g), @leblecasadepaes
Pati Piva
O panetone da confeitaria é inspirado no speculoos, biscoito tradicional em países como a Bélgica, feito com canela, gengibre e outras especiarias. O recheio leva uma pasta à base do biscoito caramelizado e gotas de chocolate. Os jurados elogiaram a apresentação, que tem uma casquinha cor de caramelo e biscoitos de laço e árvore de Natal, e a quantidade de recheio —ele, porém, estava muito açucarado, pontuou o grupo. A combinação de sabores parece muita informação, com maior presença de canela e gengibre. Por outro lado, a massa é macia, destacaram os jurados.
R$ 265 (900 g), @patipiva
Panetones de mercado se destacam pelo preço
Considerados por alguns como opções menos interessantes, os panetones de mercado surpreenderam o júri na degustação. Foram provados oito produtos de marcas diferentes que são encontrados em redes de supermercado a preços mais em conta.
Em comum, as versões industrializadas têm frutas cristalizadas e lembram aroma de essências artificiais. Mas, levando em consideração o preço e o sabor desses panetones, a maioria deles passou no teste, na avaliação dos jurados.
Participaram da degustação os jornalistas da Folha Camila Marques, Henrique Artuni, Laura Lopes e Matheus Rocha e Daniel Marcus Martins, professor do curso de gastronomia da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Bauducco
Dividiu opiniões. Para o jornalista Matheus Rocha, a massa demora para derreter na boca, o que prolonga a mastigação. O jornalista Henrique Artuni considerou a massa densa, mas não viu isso como um problema. Já a jornalista Camila Marques ressaltou a umidade e leveza do produto: “É o panetone básico e óbvio”. O professor Daniel Marcus Martins observou que o panetone não desfia na mão como se espera, assim como se fosse algodão, então a opção fica mais próxima de um bolo.
R$ 22,99 (400 g), no Pão de Açúcar
Itália Mia
Com o menor preço de toda a degustação, o produto foi avaliado de forma negativa pelos jurados, que preferiram não dar a segunda mordida. Para eles, a massa é muito seca e há poucas uvas-passas. O cheiro de essência artificial também incomodou. “Se puder, priorize os outros na hora de comprar”, diz Camila Marques.
R$ 9,99 (400 g), no Carrefour
Panco
Recebeu avaliação positiva. O principal ponto destacado foi a boa quantidade de frutas cristalizadas no recheio —com predomínio da uva-passa. A massa é alta, manteve a estrutura ao ser cortada com uma faca e desfiou na hora da mordida. A aparência e a umidade do panetone também foram evidenciadas.
R$ 19,90 (400 g), no Carrefour
Parati
De acordo com a avaliação, a massa é úmida em excesso e tem textura pesada —ao ser fatiada, ela afunda. Na boca, fica um sabor untuoso, e, na mão, um resquício gorduroso. “Talvez tenha faltado forno”, afirma o professor Daniel Marcus Martins. As laranjas cristalizadas dividiram a opinião dos jurados: alguns acharam a quantidade positiva, enquanto outros, exagerada.
R$ 16,99 (450 g), no Sonda
Seven Boys
Para o júri, a massa não parece a de um panetone e lembra mais a de um pão sovado. Todos concordaram que as frutas cristalizadas têm sabor muito artificial, que incomodou. “Lembram o gosto de jujuba”, diz o jornalista Matheus Rocha. No geral, a avaliação foi negativa.
R$ 15,99 (400 g), no Atacadão
Triunfo
A massa é baixa e, sozinha, não é tão saborosa, segundo o júri. Para Laura Lopes, ela é pesada. Todos apontaram uma acidez presente no sabor. As frutas cristalizadas também não foram bem avaliadas. O panetone lembra sabor artificial.
R$ 15,90 (400 g), no Carrefour
Visconti
Foi considerado o panetone mais seco entre todos provados, o que foi sentido logo pelo toque. Na hora de cortar, ele esfarelou. A impressão, para o júri, é que o panetone não era fresco. Além disso, os avaliadores não conseguiram identificar o sabor das frutas cristalizadas. “Elas não têm gosto de nada, não são açucaradas o suficiente”, diz Henrique Artuni. Faltou suculência, avaliaram.
R$ 17,99 (400 g), no Carrefour
Wickbold
De início, o que chamou a atenção foi a cor mais amarelada do panetone, com aparência artificial. Os pontos positivos foram o formato, a umidade e a textura da massa, macia ao toque. “Dá para comer mais de uma fatia sem enjoar”, afirma Laura Lopes. O ponto negativo foi o sabor —os jurados esperavam mais açúcar. “Mas comeria com café”, diz Camila Marques.
R$ 23,49 (400 g), no Mambo
Na última categoria, os jurados provaram às cegas seis panetones com gotas de chocolate.
Os favoritos reuniram equilíbrio de sabor —seja pelo uso do chocolate amargo, seja pela combinação com frutas cítricas— e massas úmidas e macias. Alguns produtos agradaram também ao paladar de quem prefere comer algo mais doce.
O júri é composto pelos jornalistas da Folha Vitória Pereira, Vitor Antonio, Eduardo Marini e Francielle Souza e Katia Yoshihara, confeiteira e professora do curso de gastronomia do Centro Universitário Belas Artes.
Dona Deôla
Foi um dos preferidos da categoria. A massa, doce e úmida, desfia ao ser partida e traz um leve sabor de laranja, que levanta o dulçor do produto. Para o jornalista Eduardo Marini, isso trouxe um sabor parecido ao de um panetone tradicional.
R$ 49,90 (500 g), @donadeola
Joya Boulangerie
Da confeiteira Isabela Honda, ex-Tuju, o panetone tem massa de fermentação natural com aroma que mescla laranja-baía, limão-siciliano e mel. O recheio usa gotas de chocolate. A primeira impressão não foi boa: a aparência não agradou e a mordida inicial estava seca para todos os jurados. Depois, o grupo se dividiu. Os que preferem sabores mais equilibrados apreciaram a combinação do cítrico com o chocolate, enquanto os que gostam de dulçor não acharam o produto uma boa opção para quem tem esse perfil.
R$ 128 (600 g), @joyaboulangerie
Les Deux Magots e Ofner
Fermentado naturalmente, conquistou os jurados por ter massa macia e úmida, além de ser bem recheado. No interior, leva gotas de chocolate da Ofner, que são distribuídas por todos os pedaços. Isso agradou a jornalista Vitória Pereira: “É o melhor que provei. Não é muito doce, mas o fato de ter bastante chocolate o deixa bem gostoso”. Na opinião dos membros do júri, a opção entrega o que promete, com cheiro e sabor de panetone.
R$ 119 no restaurante, R$ 149 no iFood (500 g), @lesdeuxmagotsbrasil
Locale Caffè
Com fermentação natural, é bem recheado e tem aroma agradável. Atraiu o paladar dos jurados que preferem doces mais balanceados, já que as gotas de chocolate são amargas. O ponto forte foi a textura da massa, que é macia, úmida e desfia na mão de quem experimenta.
R$ 119 (500 g), @locale.caffe
Nonna Rosa
Com gotas de chocolate amargo e toque de raspas de laranja, baunilha e mel, foi eleito como um dos favoritos pelo grupo. As avelãs carameladas, que estavam na cobertura e no recheio, deixaram o doce equilibrado. “Para mim, foi o diferencial deste panetone. Só que as avelãs somem, não dá para achar em alguns pedaços”, afirma o jornalista Vitor Antonio.
R$ 97 (510 g), @osterianonnarosa
S’OUi
Com dois tipos de chocolate, meio amargo e ao leite, agradou ao paladar dos jurados que preferem panetones mais doces. Os pontos positivos foram o recheio farto e a distribuição uniforme das gotas. A massa, porém, não fez sucesso entre os avaliadores. “Ela tem odor, como se tivesse uma essência, mas não tem sabor”, comenta a professora Katia Yoshihara. Para a jornalista Francielle Souza, a massa é seca e pede água para acompanhar.
R$ 49,90 (400 g), @souioficial
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