Bruno D’Ancona, sócio-administrador da Treecorp Investimentos, dona de 90% da SAF do Coritiba, se reuniu pela primeira vez com profissionais da imprensa, na manhã quinta-feira (27), no prédio administrativo do clube.
D’Ancona deu detalhes sobre o momento do Coxa, falou sobre os fracassos e dificuldades dentro de campo e, durante a reunião, negou que a Treecorp esteja em busca de um comprador ou sócio para a SAF. A empresa considera ter um “casamento longo” com o Coxa.
Em encontro de cerca de uma hora com jornalistas, o genro de Roberto Justus elencou erros que aumentaram a crise no time do Alto da Glória, que vem convivendo com protestos da torcida. Nesta semana, torcedores foram até São Paulo para protestar em frente à sede da empresa.
Segundo ele, R$ 98 milhões foram investidos no futebol em 2024. E, até o momento, R$ 30 milhões foram investidos entre reparos no Couto Pereira, no CT da Graciosa, investimentos no novo CT e ainda no futebol de base. A dona da SAF ainda projeta investimento de R$ 120 milhões no clube ao longo do ano.
Além de D’Ancona, estavam presentes da reunião o CFO do clube, André Campestrini, e Rafael Mangabeira, sócio da Treecorp.
Diretor fala em erro de comunicação e fala em estruturação do Coxa
O diretor da Treecorp iniciou a conversa dando detalhes sobre o primeiro interesse da empresa no Coritiba, ainda antes da SAF ser concretizada. Ele afirmou que a empresa “não caiu de paraquedas” no futebol e que estão conseguindo estruturar o clube financeiramente.
Segundo ele, a SAF errou na comunicação com a torcida assim que assumiu. Essa falha está relacionada à projeção esportiva do projeto “Visão 2030”, que estabelecia metas de participação na Sul-Americana e na Libertadores até o ano de 2030.
O empresário ainda afirmou que entende que a pressão da torcida por resultados em campo é natural, mas diz que no momento o importante vem sendo a estruturação financeira do Coxa. Para ele, os resultados irão acontecer com o tempo.
Durante a reunião, foram citados exemplos de times que demoraram para alcançar sucesso, como o Fortaleza e o Flamengo, que passou por reestruturação completa entre 2013 e 2019, quando voltou a vencer a Libertadores.
A reunião deixou claro que a Treecorp quer estruturar o clube internamente em um primeiro momento e vê como natural a demora por resultados. A empresa vê um caminho na contramão de trabalhos feitos no Botafogo, por exemplo, que investiu forte no time para alcançar títulos.
Para a SAF coxa-branca, a ideia é fortificar o interno do clube. A projeção é que o sucesso em campo, com participação em grandes competições, como Libertadores, aconteça em pouco menos de uma década. E por isso, D’Ancona acredita em erro de comunicação, quando a “promessa” foi de atingir este resultado até 2030.
“Treecorp acreditou no clube quando ninguém mais acreditou”
Essa foi uma das falas citadas no encontro com membros da Treecorp. A empresa destaca que foi a única que fez uma proposta vinculante para administrar a SAF coxa-branca.
O grupo afirma que encontrou o Coxa em situação complicada quando assumiu e que, sem a Treecorp, o Alviverde não conseguiria mais pagar a Recuperação Judicial (RJ).
Desde a chegada da empresa paulista, R$ 100 milhões da dívida coxa-branca já foram quitados. Outros R$ 42 milhões devem ser pagos até o fim do ano, sanando cerca de 40% da dívida.
D’Ancona: “Coritiba está obcecado pelo acesso”
Apesar dos fracassos recentes da Treecorp no futebol do Coritiba, D’Ancona acredita que o clube vai conseguir o acesso nesta temporada. Ele valorizou as contratações do meia De Pena e dos últimos reforços, nesta janela dos Estaduais.
O diretor afirmou que o clube está “obcecado pelo acesso” e que não quer perder o fôlego na competição. Perguntado sobre a Série B passada, quando o clube teve o pior desempenho da história nos pontos corridos, o diretor afirmou que houve um erro nas escolhas de Paulo Autuori e Fábio Matias.
Segundo ele, o momento em que os dois profissionais estiveram à frente do futebol e do elenco, as coisas degringolaram. Ainda assim, citou outros fatores externos para a derrocada na Segundona, como as sucessivas trocas no comando do futebol e a crise interna com Alef Manga.
Diretor da Treecorp vê “folha leve” em caso de acesso do Coritiba
D’Ancona também projetou um maior investimento no futebol em caso de acesso do Coxa para a Série A em 2026. Segundo ele, a folha salarial ficará “leve” e os torcedores poderão cobrar contratações.
Na Série B, o Coxa tem focado em jogadores livres no mercado ou empréstimos. Na última coletiva de imprensa, o executivo Jorge Andrade já havia falado que o perfil não era diretriz da Treecorp.
Segundo Andrade, o Alviverde ainda não se sustenta sozinho e depende de aportes financeiros da SAF para o caixa girar. Muito disso se deve às dívidas da época de associação.
Ele havia explicado que a saúde financeira do clube, principalmente focada no futebol, depende muito de um retorno à Série A. A participação na elite aumenta o dinheiro arrecadado em cotas de televisão e patrocínio em comparação com a Segunda Divisão.
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