SÃO PAULO (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o pacote fiscal detalhado pelo governo na véspera não é o “gran finale” do esforço do governo para o ajuste das contas públicas.
Em evento anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, ele afirmou que, caso haja desconforto em tono do cálculo do impacto das medidas, “vamos voltar para a mesa de discussão”, acrescentando que não há a intenção de “vender fantasia” e que o governo está comprometido em derrubar o e reestruturar as finanças públicas.
“A caixa de ferramentas é infinita”, afirmou.
Questionado se ele precisa convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a importância dos esforços dessa agenda, o ministro disse que em certos momentos sim, ponderando que, como presidente da República, Lula é sensível a vários temas. Haddad frisou ainda que a relação dos dois é “transparente, tranquila e informal — até mais do que deveria ser”.
Durante o evento, Haddad reiterou que o problema fiscal é uma questão que precisa ser enfrentada por todos os Poderes, e citou manifestações de apoio às medidas pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), destacando o bom alinhamento com o governo.
No início da tarde, os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fizeram sinalizações públicas favoráveis ao pacote de corte de gastos anunciado pelo governo, ao mesmo tempo em que buscaram separá-lo da proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais mensais.
As manifestações abriram espaço para a perda de força do ante o real e das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta tarde, reduzindo a pressão vista desde quarta-feira no mercado brasileiro.
Ao tratar do ajuste fiscal no evento da Febraban, Haddad também voltou a defender que o tema não é de responsabilidade apenas do governo federal.
“Todo mundo tem que dar sua cota de contribuição para voltarmos ao equilíbrio e ao superávit primário. Não é tarefa só do Executivo”, afirmou o ministro. “Temos que convencer o Congresso que as bondades têm que ser compensadas do ponto de vista da despesa”, acrescentou.
Em sua fala, Haddad voltou a afirmar que o governo cumprirá a meta fiscal de 2024, ficando “dentro da banda”.
A meta perseguida pelo governo é de resultado primário zero em 2024, com margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB). Desta forma, pelos dados atuais do governo, a meta será cumprida se o resultado primário variar entre um déficit de 28,76 bilhões de reais e um superávit de 28,76 bilhões de reais.
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(Reportagem de Fabrício de Castro)
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