O papa Francisco celebrou nesta quarta-feira, na Basílica de São Pedro, a primeira missa do ano, dedicada à solenidade de Maria, Mãe de Deus, e na homilia criticou o aborto e outras formas de violência contra os mais vulneráveis, pedindo o “firme compromisso de promover o respeito pela dignidade da vida humana, desde a conceção até à morte natural, para que cada pessoa possa amar a sua vida e olhar para o futuro com esperança”, citando as palavras de sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado também neste dia 1.º de janeiro. Francisco partiu de um trecho da Carta de São Paulo aos Gálatas – “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher” – para explorar as várias dimensões do mistério da encarnação de Cristo e da maternidade divina de Maria.
Contra o que chamou de “tentação que fascina muitas pessoas e pode enganar também muitos cristãos”, a de “imaginar ou fabricar para nós um Deus ‘abstrato’, ligado a uma vaga ideia religiosa, a uma fugaz agradável emoção”, o papa afirma que Jesus “nasceu de uma mulher, tem um rosto e um nome, e chama-nos a manter uma relação com Ele. (…) Nasceu de uma mulher e é um de nós. Por isso mesmo, Ele pode salvar-nos”.
Francisco continuou sua meditação falando da fragilidade de Cristo, “um recém-nascido indefeso, frágil, necessitado dos cuidados da mãe, de agasalhos e leite, de carícias e amor”, e lembrou que, por isso, “o lugar privilegiado onde podemos encontrá-lo é, antes de mais, a nossa vida, a nossa frágil humanidade e a de quem passa por nós todos os dias”. “Se Ele, que é o Filho, se fez pequeno para ser segurado nos braços de uma mãe, para ser cuidado e amamentado, então isso significa que ainda hoje Ele vem naqueles que precisam dos mesmos cuidados: em todos os irmãos e irmãs que encontramos e têm necessidade de atenção, escuta e ternura”, acrescentou o papa Francisco, pedindo na sequência “que aprendamos a cuidar de toda criatura nascida de uma mulher, antes de mais protegendo o dom precioso da vida, como faz Maria: a vida no ventre materno, a vida das crianças, a vida de quem sofre, a vida dos pobres, dos idosos, de quem se encontra só, dos moribundos”.
Após a missa, o papa se dirigiu ao Palácio Apostólico, de onde rezou o Ângelus com os fiéis que aguardavam por ele na Praça de São Pedro. Em sua mensagem, o pontífice condenou as guerras e a violência em curso no mundo atualmente. “Neste primeiro dia do ano, dedicado à paz, pensemos em todas as mães que se alegram em seu coração, e em todas as mães que têm o coração cheio de dor por terem suas crianças tiradas pela violência, pela arrogância, pelo ódio”, afirmou o papa, que citou explicitamente a Ucrânia, Israel, Gaza, Mianmar e Kivu (na República Democrática do Congo) como áreas “atormentadas” pela guerra.
O papa Francisco também pediu empenho da comunidade internacional no perdão das dívidas dos países pobres, em linha com a tradição dos jubileus – na noite de Natal de 2024, Francisco abriu o ano jubilar, que se encerrará em janeiro de 2026. “O primeiro a perdoar dívidas é Deus, como sempre pedimos no Pai Nosso, falando de nossos pecados e comprometendo-nos a perdoar aqueles que nos ofenderam. O Jubileu nos pede para que esse perdão seja levado ao nível social, para que nenhuma pessoa, família ou povo seja esmagado pela dívida. Eu encorajo os líderes dos países de tradição cristã a dar o bom exemplo, canelando ou reduzindo o máximo possível as dívidas das nações mais pobres”, disse o papa.
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