O poeta Vinicius de Moraes descreveu a área que hoje conhecemos como Parque Nacional do Itatiaia como a “floresta mais floresta que alguém possa imaginar. Impenetrável” em uma carta à sua mãe, Lydia, em 1932. A paisagem bucólica da Serra da Mantiqueira inspirou vários de seus poemas e, atualmente, atrai tanto famílias quanto aventureiros para atividades ao ar livre.
Localizado entre os municípios de Itatiaia e Resende, no Rio de Janeiro, e Bocaina de Minas e Itamonte, em Minas Gerais, o parque conta com trilhas de diferentes níveis de dificuldade, cachoeiras em uma área de 28 mil hectares de mata atlântica.
O Parque Nacional do Itatiaia foi privatizado há dois anos pela Parquetur, uma das maiores concessionárias de parques naturais do Brasil —como o Parque Estadual Serra do Mar, Parque Estadual de Ibitipoca e Chapada dos Veadeiros— passou por melhorias em infraestrutura, como banheiros e lanchonetes, além da conservação ambiental.
A entrada é paga, com ingressos que dão direito a um ou dois dias de visita. É possível se hospedar dentro do parque em hotéis ou abrigos. Suas principais atrações são divididas em duas áreas: a Parte Alta e a Parte Baixa.
Parte Alta
Na Parte Alta, as trilhas são mais exigentes e levam a formações rochosas, como o pico das Agulhas Negras, considerado o quinto maior do Brasil. As altitudes dessa área variam de 600 a 2.791 metros. O acesso requer a companhia de um guia devido à dificuldade das trilhas, às práticas de montanhismo e ao terreno irregular.
Com uma paisagem predominantemente rochosa, a região carece de sombra, exigindo proteção mais reforçada contra o sol. As trilhas incluem travessias de uma ponta do parque a outra e subidas que exigem atenção, principalmente ao caminhar sobre pedras.
O esforço é recompensado pela vista do vale e pela imponência das Agulhas Negras, formações que lembram agulhas pontiagudas. É possível escalar para chegar até o pico, contanto que o visitante tenha equipamentos adequados, guia experiente e coragem.
Outro ponto de interesse é o Maciço das Prateleiras, composto por pedras mais regulares e retas. A vista da base já garante um grande espetáculo. Além de várias outras pedras com formatos peculiares, como a Pedra Tartaruga.
A Parte Alta também oferece opções para passar a noite, como área para acampar ou se hospedar no Abrigo Rebouças, que tem vagas limitadas que devem ser reservadas pelo site.
No fim do passeio, há espaço ainda para um banho de cachoeira na das Flores, que possui água bem gelada em meio às flores da vegetação, que aparecem a depender da estação. É recomendável visitar em períodos de pouca chuva, quando o clima favorece as atividades ao ar livre.
Parte Baixa
Com mata fechada e vegetação diversificada, a Parte Baixa é ideal para famílias e para aproveitar as cachoeiras, tendo como pano de fundo o canto dos pássaros e as águas escorrendo pelas pedras. As trilhas curtas levam a lagos e pequenas cascatas com águas geladas.
Uma das atrações é a Trilha do Lago Azul, com 900 metros de extensão. Há duas opções para o visitante descer, cuja escolha vai do joelho de cada um: uma escada de 124 degraus ou um caminho de terra, que proporciona maior observação da fauna e da flora. O destino é uma área com rochas e águas cristalinas que refletem o céu, além de uma ponte suspensa que oferece uma vista do horizonte.
Outro destaque é o Poço Espelho do Céu, acessado por uma caminhada que passa por antigas construções de residência que tinha, por exemplo criadouros de trutas, hoje abandonadas. O percurso inclui a Cachoeira Itupi, onde uma árvore com mini-azaleias colore a paisagem de cor-de-rosa, e culmina no poço de águas translúcidas, cercado por pedras, onde o visitante pode descansar e observar a paisagem.
A Cachoeira Véu da Noiva é um dos pontos mais visitador do parque. O acesso exige um pouco mais de esforço, com escadas, subidas e descidas, mas o cenário compensa: suas águas caem formando um véu branca sobre as pedras. No mesmo percurso é possível acessar a Cachoeira Itaporani, que possui um espaço mais amplo para banho e quedas maiores. A Piscina do Maromba é outro ponto procurado, com águas adequadas para banho e um ambiente mais aberto.
O Mirante do Último Adeus, próximo à entrada, é um local elevado que oferece vista para as montanhas e é uma boa parada ao fim do passeio. Guias não são obrigatórios, mas ajudam na exploração das trilhas.
Além delas, o parque conta com um Centro de Visitantes, que reúne um pequeno museu com informações sobre a história de Itatiaia, incluindo a relação de Vinicius de Moraes com a região. O local também exibe a evolução dos equipamentos de montanhismo e animais empalhados, além de uma “calçada da fama” com espécies como o macaco-prego e a anta.
Para quem deseja estender a visita, há opções de hospedagem dentro do parque, como o Hotel Donati, antigo Hotel Repouso, frequentado por Vinicius de Moraes e outros artistas. Com cabanas individuais, piscina e salão de jogos, o local é opção para quem busca refúgio na natureza.
Parte Baixa
Estrada do Parque Nacional, Km 9 – Itatiaia, Rio de Janeiro. De terça a domingo das 8h às 17h.
Parte Alta
Rodovia BR 485 km 13,4 (Posto Marcão). Garganta do Registro – Divisa entre Minas Gerais e Rio de Janeiro. Diariamente das 7h às 18h.
Ingressos a R$ 44.
A jornalista viajou a convite da Parquetur
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