O partido do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, declarou nesta terça-feira (10) que está discutindo a possível renúncia dele já em fevereiro, após sua tentativa de autogolpe por meio de uma fracassada imposição de lei marcial. Assim, uma eleição antecipada deve acontecer entre abril e maio.
Yoon escapou de um pedido de impeachment no último sábado (7), graças ao boicote à sessão por parte de congressistas de sua sigla, o PPP (Partido do Poder do Povo), o que levou a oposição a não ter votos suficientes para a deposição. Horas antes da votação, ele se desculpou pela declaração de lei marcial e falou em deixar seu destino nas mãos do PPP.
O presidente agora é alvo de investigações criminais por acusações de insurreição, está proibido de sair do país e deve enfrentar uma segunda votação de impeachment no próximo sábado (14).
Lee Yang-soo, que preside uma força-tarefa do PPP lançada na segunda-feira (9) para planejar a saída de Yoon, disse que sua equipe propôs um plano de renúncia em fevereiro ou março, com eleições em até 60 dias.
A Constituição da Coreia do Sul exige novo pleito dentro desse prazo caso o presidente deixe o cargo antes do término. O mandato de Yoon vai até maio de 2027.
“Ainda não chegamos a uma conclusão em todo o partido e teremos outra reunião com todos os nossos membros do Parlamento para discutir esse plano”, disse Lee a jornalistas.
A proposta vem três dias depois de o líder do PPP, Han Dong-hoon, dizer que o presidente seria excluído de assuntos estrangeiros e outras questões de Estado e que o primeiro-ministro, Han Duck-soo, supervisionaria o governo.
A principal legenda de oposição, o Partido Democrático, criticou a ideia do PPP e voltou a exigir a renúncia de Yoon, à parte o novo pedido de impeachment que deve ser votado no sábado. O projeto requer o apoio de dois terços da Assembleia, de 300 assentos. Como o PD tem 192 cadeiras, ao menos oito governistas teriam de se juntar à oposição. Na primeira tentativa de destituir Yoon, no sábado passado (7), três congressistas do PPP declararam apoio à deposição.
Kim Seon-taek, professor da faculdade de direito da Universidade da Coreia, disse que o presidente pode delegar autoridade ao primeiro-ministro. Chang Young-soo, outro docente da mesma instituição, ecoou a visão de Kim, mas disse que há debate sobre se o premiê tem autoridade para agir como chefe de Estado em questões diplomáticas.
Além de Yoon, seu ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun, o ex-ministro do interior Lee Sang-min e vários militares e policiais enfrentam acusações de insurreição e de abuso de poder.
A polícia também pediu que 11 ministros do gabinete, que participaram de uma reunião convocada por Yoon pouco antes de declarar a lei marcial, compareçam para interrogatório, informou a agência de notícias Yonhap.
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