Depois de ser rebaixado à Série B, o Athletico optou por encerrar sua equipe feminina, que venceu todas as edições do Campeonato Paranaense desde 2020. A medida pegou as atletas de surpresa, já que muitas esperavam uma renovação de contrato para disputar o Brasileirão A2 na próxima temporada, tentando retornar à elite.
As atletas, que estão de férias, alegam que souberam da descontinuidade do projeto nas redes sociais. A informação foi divulgada inicialmente pelo Portal Trétis.
Até o momento da publicação desta reportagem, o elenco de jogadoras não havia sido informadas oficialmente pelo clube, que tratou apenas com a comissão técnica sobre a decisão. Na Série B, não há a obrigatoriedade de manter uma equipe feminina, como acontece na Primeira Divisão.
As Gurias Furacão disputariam a Série A2 em 2025, visando o acesso. Em 2022, elas conseguiram uma vaga na elite pela primeira vez na história, mas acabaram sendo rebaixadas no ano seguinte. O projeto existia desde 2019, começando a atuar em 2020.
Procurado pela reportagem, o Athletico ainda não se posicionou sobre o encerramento.
Medida revoltou jogadoras do Athletico
Duas jogadoras da equipe feminina do Furacão conversaram com o UmDois Esportes e deram mais detalhes sobre os últimos momentos dentro do clube, os bastidores da rotina do futebol feminino no CT do Caju e desabafaram sobre o fim do projeto. Ambas falaram em condição de anonimato.
Segundo uma atleta, quando o time masculino passou a dar sinais que poderia ser rebaixado, a insegurança atingiu a categoria feminina. As atletas disputaram a Ladies Cup, em dezembro, já incertas do futuro.
“Logo que caiu, a gente já ficou apreensiva, né? A gente ainda teve mais duas semanas de treinamentos para a Ladies Cup e foi jogar sem saber o que aconteceria. Pensamos vamos fazer um bom torneio porque se eles já estiverem em mente que vai terminar o feminino, a gente talvez poderia fazer eles voltarem atrás”, contou uma jogadora.
“A delegação voltou a Curitiba no sábado e na segunda-feira a gente ficou sabendo pela rede social mesmo”, completou.
Uma das justificativas internas para o encerramento é o corte de gastos. A jogadora critica a decisão, já que o investimento no elenco feminino era mínimo.
“Um salário de um jogador do masculino banca o time feminino todo. E a gente faz as mesmas coisas que eles, às vezes até mais. A gente vê clubes menores, clubes com menos dinheiro, com menos estrutura, mantendo o feminino”, aponta.
“E a gente sabe que o Athletico, internamente, nunca gostou do feminino, sempre teve por obrigatoriedade, gostar de ter o feminino e realmente apoiar a causa é outra coisa. O Athletico é um clube machista, o Petraglia não gosta do feminino”, detonou a jogadora.
“Pagamos porque eles não jogaram”
Outra atleta que falou com o UmDois Esportes se indignou com a decisão e afirmou que as jogadores pagaram pelo erro do time masculino, que não conseguiu se manter na Série A.
“A gente pagou por algo que os caras não quiseram fazer, eles não quiseram jogar. Então não importaria se a gente subisse pra A1, se ganhasse títulos, eles iriam acabar de qualquer jeito. A justificativa foi corte de gastos e o feminino é o que menos gasta dentro do clube. A corda estoura para o mais fraco”, pontuou.
“Estou me sentindo lesada. Eu acho que eles não trataram a gente como atleta. Mas isso daí não é novidade no futebol feminino. Acho que a gente briga muito e tem que brigar. Mas que não é novidade dentro do futebol feminino, porque aconteceu com o Ceará e com vários outros clubes já”, emendou.
Outra questão é o futuro dessas jogadoras. Muitas aguardavam um posicionamento do Furacão para renovar o contrato para a próxima temporada e podem ficar sem clube, já que os elencos das Séries A1 e A2 já estão sendo montados.
“Várias meninas deixaram de procurar outras oportunidades. Eles não trataram com profissionalismo e não vão tratar. Não me senti tratada como uma profissional, eu me senti como jogadora amadora. O tempo todo o pessoal de lá de dentro fala que a gente tem que agir como profissionalismo, mas eles não tratam a gente como profissional”, criticou.
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