A rede de televisão francesa C8, de propriedade do bilionário conservador Vincent Bolloré, dono do grupo Canal+, está com os dias contados após uma decisão do mais alto tribunal administrativo da França de cancelamento de sua licença.
A popular emissora foi acusada de “falhas em respeitar os direitos humanos e proteger menores de idade”, recebendo críticas principalmente da imprensa esquerdista nacional, o que imediatamente contou com reação de figuras da direita, que apontaram um “ataque à liberdade de expressão” por parte da Justiça francesa.
Tais acusações renderam à rede televisiva uma série de multas nos últimos anos estimadas em 7,6 milhões de euros (49 milhões de reais).
Uma das primeiras lideranças de direita do país a comentar o caso foi Marine Le Pen. Segundo a líder opositora ao governo de Emmanuel Macron, a decisão é “um retrocesso terrível”.
O Ministro do Interior, Bruno Retailleau, também se manifestou nas redes sociais: “O C8 encontrou seu público. Seu desaparecimento do cenário audiovisual o priva de uma plataforma de expressão”. Ainda, Éric Ciotti, fundador da União da Direita pela República, denunciou a mudança como uma decisão “puramente política”.
O canal C8 deixará de exibir sua programação no dia 1º de março, depois que o órgão de fiscalização midiática, a Agência Pública de Audiovisual (Arcom), decidiu não renovar sua licença de 10 anos e a entregou a um canal concorrente.
Em um comunicado, o Canal+ afirmou que a decisão do tribunal levará à demissão de 400 funcionários e fornecedores “injustamente”, já que o C8 provou sua “vivacidade e popularidade com mais de 9 milhões de espectadores todos os dias”.
Em 2023, a Arcom impôs uma multa recorde de 3,5 milhões de euros à C8 em 2023 depois que seu apresentador mais popular, Cyril Hanouna, chamou um parlamentar de esquerda de “idiota” e “pedaço de m***” em 2022.
A rede de televisão de Bolloré assumiu uma postura mais alinhada com pautas de direita, nos últimos anos, concentrando-se em noticiar a criminalidade e a imigração na França. O empresário também passou a conceder mais espçao a políticos do partido de Le Pen, o Reagrupamento Nacional (RN).
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