O preço do café vai subir até 15% nos supermercados brasileiros nos próximos meses, segundo dados da própria indústria.
Parte desse reajuste já foi repassado pelas fabricantes para os supermercados neste mês. Outra parte está em negociação e deve ser implementada até outubro.
Após esse aumento já em curso, a indústria projeta que o preço apresente estabilidade ao longo dos próximos meses, pois o setor aposta em uma colheita positiva em 2026, o que ajudaria a repor os estoques.
“Todo o mercado trabalha com a possibilidade de uma safra recorde para 2026”, diz Pavel Cardoso, presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café). “O mercado entende que o La Niña, historicamente, tem temperaturas mais amenas e estabilidade nas chuvas. Então, se tivermos o comportamento natural do La Niña, nós poderemos ter menos volatilidade desses preços”, diz.
Com isso, ele diz acreditar que, nesse cenário, o reajuste de 10% a 15% já praticado seja o suficiente para recompor parte da alta da matéria-prima. Ou seja, haveria uma estabilidade nos preços.
A alta nos preços causou uma queda no consumo de café no Brasil, segundo dados apresentados pela própria indústria nesta quarta-feira (24). Houve uma redução de 5,46% no acumulado do segundo quadrimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O fato de o consumo continuar baixo no segundo quadrimestre chama atenção por se tratar de um período de inverno, época em que tradicionalmente a ingestão de café é maior.
Dados preliminares de setembro, contudo, indicam uma retomada no consumo. Com isso, o setor diz acreditar que a ingestão do produto voltará a crescer no próximo quadrimestre.
Dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de agosto apontam que o café torrado e moído acumula uma inflação de 60,85% nos últimos 12 meses.
Segundo a indústria, os cafés das categorias tradicional e extraforte, que correspondem à maior parte de todo o consumo no Brasil, teve um aumento de preço de 48,57% entre agosto de 2024 e o mesmo mês deste ano.
A alta de preços é resultado de uma combinação entre safras comprometidas por adversidades climáticas e baixos estoques na indústria.
O Brasil, que é o maior produtor mundial, sofreu com uma severa geada no inverno de 2021, que atingiu algumas das principais regiões produtoras de café. Isso comprometeu fortemente a safra.
Desde então, outros fenômenos climáticos continuaram atingindo as colheitas, tanto no Brasil quanto em outros grandes produtores, como Vietnã, Colômbia e Indonésia –que, juntos, são responsáveis por mais de dois terços do fornecimento de café do mundo. Às vezes falta de chuva, às vezes excesso.
Em paralelo a isso, o consumo mundial continua crescendo, ainda que em patamares moderados. A alta mais expressiva se dá na China, mas outras nações, como Filipinas, Malásia, Índia e Vietnã, também começam a consumir mais.
Com isso, os estoques mundiais caem, e, a partir de outubro de 2023, o preço do café no mercado global dispara, como consequência de um descompasso entre a produção e o consumo.
Por isso, ainda que 2026 traga uma safra muito positiva, o preço dificilmente voltaria ao patamar de início de 2023. Segundo especialistas, serão necessárias algumas safras muito boas para que a indústria consiga recompor os estoques.
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