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Pressão de Trump foi decisiva para acordo entre Israel e Hamas



Israel e o grupo terrorista Hamas concordaram nesta quarta-feira (15) com os termos de um acordo de cessar-fogo que visa encerrar a guerra em Gaza e garantir a liberação de reféns capturados durante os ataques de 2023.

A negociação, segundo informações da mídia israelense, contou com forte influência do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, através daquele que será o seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que desempenhou o que foi classificado como um “papel crucial” na definição do acordo.

Segundo fontes citadas pelo jornal israelense Times of Israel, um encontro “tenso” entre o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e Witkoff, realizado no último sábado (11), foi “decisivo” para destravar as negociações, levando as partes a aceitarem, em princípio, os termos do acordo anunciado nesta quarta-feira. Duas autoridades árabes, sob condição de anonimato, disseram ao jornal que Witkoff fez mais para influenciar Netanyahu em uma única reunião do que o presidente em fim de mandato, Joe Biden, conseguiu durante todo o ano.

Segundo o Times of Israel e a agência de notícias americana Associated Press (AP), Witkoff esteve em Doha durante a última semana, participando das negociações como mediador, ao lado do representante americano Brett McGurk, enviado de Biden. No sábado, ele voou para Israel, onde se reuniu com Netanyahu no escritório do primeiro-ministro, onde insistiu que o premiê aceitasse os compromissos fundamentais que viabilizaram o acordo. Dois dias depois, na segunda-feira (13) à noite, as equipes de negociação de Israel e Hamas notificaram os mediadores de que concordavam com a proposta em princípio e passaram a trabalhar nos detalhes para implementação do cessar-fogo.

O acordo prevê três fases. Na primeira, com duração de 42 dias, serão libertados 33 reféns — mulheres, crianças, idosos e doentes graves — em troca de aproximadamente 1.000 prisioneiros palestinos. Durante esse período, Israel fará uma retirada parcial de Gaza e permitirá a entrada de 600 caminhões de ajuda humanitária diária no território.

A segunda fase do acordo incluirá a liberação dos reféns restantes e culminará com a declaração de um cessar-fogo permanente. Já a terceira fase prevê a devolução de corpos ainda sob posse do Hamas.

Apesar dos constantes apelos do governo Biden ao longo de 2024, as negociações fracassaram diversas vezes. Uma fonte árabe afirmou ao Times of Israel que “um acordo poderia ter sido alcançado muito antes, mas ambos os lados contribuíram para o colapso das conversas em diferentes momentos”. A mesma fonte destacou que Israel havia rejeitado anteriormente a proposta, tentando priorizar uma solução unilateral para retomar os combates imediatamente após a primeira fase.

A presença de Witkoff nas negociações foi vista como estratégica para assegurar a continuidade do compromisso americano com o acordo após a transição presidencial. Três altos funcionários dos EUA revelaram à Associated Press (AP) que a decisão de envolver a equipe de Trump nas conversas foi motivada pelo desejo de garantir apoio bipartidário a um “plano de reconstrução e segurança de Gaza”, que demandará meses de empenho e investimentos substanciais por parte dos Estados Unidos.

Em pronunciamento nesta quarta-feira, o presidente Joe Biden reivindicou para si o mérito do acordo, destacando que delineou “os contornos precisos deste plano em 31 de maio de 2024, após o qual ele foi endossado por unanimidade pelo Conselho de Segurança da ONU”. Biden ressaltou ainda o papel da diplomacia americana ao longo do ano: “Esse resultado não se deve apenas à enorme pressão que o Hamas enfrentou e à mudança no equilíbrio regional após o cessar-fogo no Líbano e o enfraquecimento do Irã — mas também ao esforço incansável e meticuloso da diplomacia americana”.

Pouco antes do pronunciamento de Biden, Donald Trump publicou em sua rede social, Truth Social, atribuindo a trégua ao impacto de sua eleição. “Temos um acordo para os reféns no Oriente Médio. Serão libertados em breve. Obrigado!”, escreveu Trump. Em outra mensagem, ele afirmou que o “épico acordo de cessar-fogo” foi possível graças ao resultado das eleições americanas, que enviaram um sinal claro ao mundo de que seu futuro governo buscará a paz e a segurança dos americanos.

Para Nancy Okail, chefe do think tank Center for International Policy, a aceitação do acordo diante da insistência de Trump por um cessar-fogo antes de sua posse.

“Ironicamente [isso] mostra como uma pressão real pode ser eficaz em mudar o comportamento do governo israelense”, disse Okail à AP.

Já Jonathan Panikoff, diretor da Iniciativa de Segurança do Oriente Médio do Atlantic Council, avaliou à AP que tanto Biden quanto Trump merecem crédito pelo desfecho.

“A realidade irônica é que, em um momento de forte partidarismo, o acordo demonstra como a política externa americana pode ser mais influente quando é bipartidária”, declarou.

A expectativa é que a implementação do acordo comece no domingo (18), com a liberação do primeiro grupo de reféns.



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