O tinto geladinho tem tudo para ser o novo hit do verão. Ele já roubou o coração dos bebedores mais modernos e promete se espalhar por aí.
Mas calma que não é qualquer garrafa que entra nessa categoria, conhecida lá fora como “chillable reds” (algo como tintos “resfriáveis”). São as bebidas menos extraídas, menos encorpadas, com acidez mais alta, taninos mais sutis —ou imperceptíveis— e um forte apelo de fruta.
Gamay, cinsault, criolla (ou sua homônima país), bonarda, alfrocheiro, zweigelt e até pinot noir são algumas das castas que brilham geladinhas. De denominações de origem como Valpolicella e Beaujolais também vêm ótimos rótulos que podem aterrissar diretamente no tal balde de gelo. Vale dizer que esses vinhos costumam ser descomplicados e, portanto, melhores se bebidos quando jovens.
Claro que toda regra tem exceção e, em uma degustação em São Paulo promovida pela Wines of Chile com os vinhos que traçam o panorama futuro da produção do país, me apaixonei por um mix de syrah e chardonnay complexo que esbanjava potencial de guarda. Foi um clarete, o suprassumo do tinto geladinho: o Toro de Piedra Diamante Clarete (R$ 380 na Basso Vinhos e Espumantes).
Para quem ainda não conhece esse estilo, explico: no arco-íris dos vinhos, o clarete ficaria entre o rosé e o tinto. O mesmo ocorre no processo de produção: as uvas passam por uma maceração mais curta que os tintos, mas não tão rápida quanto os rosados. A principal diferença é que é permitida a mistura de uvas brancas.
Embora pareça novidade, esse estilo tem séculos. Ficou célebre em Bordeaux, cujos vinhos até hoje são chamados de “claret” na Inglaterra. No Brasil, há três anos, foi um deles que ganhou o título de melhor tinto nacional no país do Guia Descorchados, que reúne o melhor da produção sul-americana. Foi o Era dos Ventos Clarete (R$ 217 na Vinhos Mundi), feito com um misto de uvas brancas e tintas cujas variedades não foram reveladas.
Se você se assustou com o preço dessas garrafas, pode respirar tranquilo: não é preciso desembolsar tudo isso para tomar um bom.
Fora do Brasil, esses vinhos já têm seção fixa em muitas cartas. Em São Paulo, é possível encontrá-los em wine-bars, mas talvez seja preciso consultar o sommelier para não escolher gato por lebre, tinto potente por “chillable red”.
Se for abrir uma garrafa dessas em casa, deixe por pelo menos 20 minutos na geladeira ou use um balde de gelo, onde é possível controlar melhor a temperatura. Idealmente, devem ser servidos a 10ºC ou 12ºC (lembrando que espumantes são servidos de 8ºC a 10ºC). São ótimos sozinhos e vão bem com pratos tão descomplicados quanto eles —hambúrgueres, frango assado, embutidos e queijos.
O “chillable red” é uma das muitas tendências que andam de mãos dadas com a dos vinhos naturais e que atingem os bebedores mais jovens. Convido, então, os mais experimentados a experimentarem também, sem preconceitos, num dia de sol, os encantos frutados e ácidos de um tinto geladinho.
VAI UMA TAÇA?
Do Brasil, o Cherry Bomb é um clarete de pinot noir feito pela Garbo (R$ 118 na loja da vinícola). Do Chile, vale provar o De Martino Gallardia Cinsault (R$ 57 na promoção da Winebrands). Está em pré-venda também o Beaujolais Nouveau da safra 2024 de Joseph Drouhin (R$ 169 na Mistral).
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