O técnico argentino, Ramón Díaz, comandou a impressionante arrancada do então ameaçado de rebaixamento, Corinthians, no último Brasileirão, deixando o Timão na 7ª posição e garantindo uma vaga nas fases preliminares da Libertadores 2025.
O experiente treinador, aliás, já conquistou o torneio, quando comandou o River Plate, em 1996.
A equipe foi uma das mais fortes da história do tradicional clube de Buenos Aires, com nomes como Ayala, Rivarola, Almeyda, Sorín, Ortega, Francescoli e Crespo.
Ele comandou o River entre 1995 e 2000 e, depois, entre 2001 e 2002. E foi então que teve início o capítulo mais bizarro da carreira de Díaz que, como jogador, defendeu Inter de Milão, Monaco, seleção da Argentina, entre outros.
“Quem são estes caras?”
A bizarra aventura de Ramón Díaz pelas divisões inferiores do futebol inglês teve início em dezembro de 2004. A história foi recontada recentemente em reportagem da BBC.
Na ocasião, o Oxford United estava em queda livre. O tradicional clube havia descido da segunda para a quarta divisão, e estava prestes a ser rebaixado novamente.
Foi então que o empresário britânico nascido na Tanzânia, Firoz Kassam, demitiu o técnico Graham Rix. Kassam, na época criticado pelos torcedores, convidou o técnico desempregado, Chris Turner, para assistir, no estádio, a uma derrota por 1 a 0 para o Swansea.
Todos acreditavam que Turner seria o novo técnico do Oxford – inclusive os próprios jogadores do elenco. Mas então…
“Foi bizarro”, diz ex-atacante do Oxford
O ex-atacante do Oxford, Basham, relembra o episódio. “Foi meio bizarro”, declarou, à BBC. “Cinco ou seis caras chegaram, lado a lado. Eles pararam em nossa frente e nenhum deles falava uma palavra de Inglês, a não ser o tradutor”.
Os jogadores ficaram de olhos arregalados. Os estrangeiros eram Ramón Díaz e sua equipe, com Horácio Rodríguez, Pablo Fernández, Rafael Giulietti, além do tradutor, Giuliano Iacoppi.
Mas como o campeão da Libertadores foi parar em um clube de quarta divisão inglesa?
Tudo começou em Monaco, onde Díaz tinha uma casa, e onde também vivia o dono do Oxford, Kassam. Uma amigo em comum de ambos, Jean Marc Goiran, intermediou os contatos.
Na época, foi noticiado que Díaz não receberia salários, mas teria participação nas ações do clube em caso de sucesso. O projeto era retornar à Premier League em cinco anos. O plano foi um fracasso e Díaz nunca mais treinaria um clube europeu.
“Quando eles chegaram, havia conversas grandiosas sobre reformar o estádio, colocar novas arquibancadas atrás dos gols e voltar à Premier League”, relembra o ex-goleiro, Tardid, também em entrevista à BBC.
Díaz acabou proibido de entrar em estádio do Oxford
Díaz foi elogiado pelos ex-jogadores do Oxford por ter implementado métodos modernos de treinamento. Os jogadores ficaram satisfeitos. Díaz evitou o rebaixamento do Oxford, sonhou com os playoffs e chegou a ser premiado como técnico do mês.
O estilo de jogo era ofensivo. Para ajudar, o Oxford contratou jogadores sul-americanos, como os argentinos Lucas Cominelli e Juan Pablo Raponi e o uruguaio Mateo Corbo.
Os filhos de Díaz, Emiliano e Michael, também foram contratados.
No entanto, o Oxford caiu de rendimento em campo. E as coisas pioraram fora dele também. Díaz e Kassam entraram em conflitos sobre o futuro do clube. A equipe técnica ainda perdeu alguns jogos por questões de visto de trabalho.
E tudo acabou quando o Oxford terminou em 15º lugar. Ramón Díaz pediu demissão, deixando o clube antes do fim da competição.
Mesmo assim, o argentino e seu staff compraram ingressos para assistir à partida final do Oxford no estádio e agradecer à torcida pelo apoio prestado durante o período no comando do time.
Mas Kassam ordenou aos seguranças que proibissem os argentinos de entrarem no estádio. Torcedores chegaram a protestar, pedindo que Díaz fosse permitido. Mas o melancólico e polêmico episódio foi o fim da bizarra passagem do treinador pelo futebol inglês.
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