Você já foi à Mococa? Esse nome me remete automaticamente à fábrica de laticínios, mas historicamente a cidade é um famoso polo produtor de café desde o século XIX, o que explica a quantidade de belos casarões em estilo colonial distribuídos pela cidade.
Passei um final de semana em Mococa, a 260 km de São Paulo, e me deliciei observando os antigos casarões, o prédio do teatro e o do cinema, a prefeitura e a pracinha junto à igreja, onde acontece uma feirinha de artesanato, comes e bebes aos finais de semana. É lá o também repousa a escultura ‘A Mulher de Mococa’, do renomado escultor mocoquense Bruno Giorgi – o mesmo que produziu ‘Os Guerreiros’, também conhecido como ‘Os Candangos’ e que ocupa a Praça dos Três Poderes, em Brasília.
Nesse clima de encantamento, fui conhecer a Casa Mocca, novo restaurante da cidade e que ocupa um casarão histórico de 1926, totalmente restaurado. A decoração é elegante e o ambiente é climatizado, uma benção para os dias quentes da cidade. E se durante o dia a fachada brilha realçada pelo límpido céu azul, à noite ganha um clima de imponência e sofisticação com a iluminação pontual das arandelas. Lindo de se ver.
A casa, aberta em dezembro de 2024, é a concretização do sonho dos primos Tetê Guisso, que comanda a cozinha, e Matheus Guisso, responsável pela administração. A consultoria foi feita pelo chef Carlos Ribeiro, de São Paulo. O menu aposta na cozinha afetiva e acerta ao oferecer pratos como os do menu de final de semana: a sobrecoxa de frango feita pelo método caipira do pinga e frita, acompanhada de creme de milho, arroz e farofa da casa; e a parmegiana dos Guissos, receita da família que chega opulenta à mesa, com fritas perfeitas. “Acreditamos que cada refeição é uma oportunidade para refletir sobre quem somos, para valorizar a simplicidade do que nos é familiar”, conta Matheus.
No menu a la carte, os destaques são o Bacalhau da Mocca (R$ 95), que traz um lombo de Gadus Morhua confitado no azeite português e assado com batatas, cebola caramelizada, mix de pimentões e azeitonas pretas; e o risoto de funghi (R$ 72) com arroz arbóreo deglaçado com cerveja preta e mix de cogumelos, que ganha ainda mais sabor acompanhado de um medalhão de mignon grelhado (+ R$ 25). O Beef Bourguignon (R$ 79), clássico francês, faz bonito com os cubos de carne bovina cozidos lentamente em vinho tinto da Borgonha, bacon, cogumelos, cebolas e cenouras, servido com um purê de batatas bem cremoso.
Dentre as entradas, minhas favoritas foram a Brincadeira de Minas (R$ 49): um mix de queijos da Leiteria Santa Paula servido com geleia e pães de fermentação natural; os Camarões à Maré Cheia (R$ 62), com seis camarões rosa recheados com catupiry e empanados na panko; e a Casquinha de Siri (R$ 32), que traz um refogado da carne do crustáceo com um toque de limão, finalizado com uma crosta de parmesão gratinado.
De sobremesa, não poderia faltar o pudim da Vó Nesta (R$ 37), descrito como “o melhor pudim de leite condensado da sua vida” e que tem a receita guardada a sete chaves. Há também outro clássico: o Chocolamour, reedição da sobremesa do saudoso restaurante Bambi, de São Paulo, feito com sorvete de baunilha, calda de chocolate, chantilly e farofa doce.
A carta de vinhos é enxuta e traz bons exemplares: do português Intimista Rosé (R$ 65) ao tinto italiano Villa al Cortile Brunello di Montalcino (R$ 499), há opções para todos os bolsos. Mas fique atento à carta de drinques. O barman Gabriel Pereira é craque e prepara clássicos com perfeição: de um refrescante mojito (R$ 34) a um potente dry martini (R$ 39) que fez a minha alegria naquela tarde ensolarada em Mococa.
P.S.: Esses lindos jogos americanos em crochê, com cores e desenhos variados, foram feitos pela vovó Guisso mas infelizmente não estão à venda.
Casa Mocca – mapinha aqui
Praça Major José Pedro, 144, Centro – Mococa, SP
Tel.: (19) 99912-1612
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