A cerimônia do prêmio 50 melhores restaurantes da América Latina, que aconteceu nesta terça-feira (26), no Rio de Janeiro, terminou em clima de “que show da xuxa é esse”.
No meme, que se tornou viral com a série “Pra Sempre Paquitas”, do Globoplay, uma garotinha expressa sua indignação por não conseguir participar do programa Xou da Xuxa, à época veiculado na TV Globo.
A insatisfação, no caso da cerimônia gastronômica, deu-se por conta da repetição dos primeiros lugares. Eleito neste ano o melhor restaurante do mundo, a parilla porteña Don Julio venceu pela primeira vem em 2020 e em 2022 ficou em 2º lugar.
A churrascaria, fundada em 1999, é comandada por Pablo Rivero, que herdou a casa do século 19 no bairro Palermo dos pais e avós e transformou o local em um dos restaurantes mais populares do país. Apesar do cuidado com o ingrediente, o Don Julio, diz Rivero, não é um restaurante focado na inovação e nem apresenta novidades com frequência.
Não é o caso do peruano Maido, casa do chef Mitsuharu Tsumura “Micha” que ficou com a vice-liderença. Ainda que tenha uma veia de pesquisa de ingredientes e de criação, foi o primeiro lugar da lista por três anos consecutivos, de 2017 a 2019.
Cada prêmio gastronômico tem seu perfil e nenhum escapa de ter ponto cegos. Mas a versão latino-americana da lista dos 50 melhores restaurantes deve cogitar adotar a regra chamada de Best of the Best, do ranking mundial, para não ficar datada. Implementada em 2019, ela impede que restaurantes que tenham sido campeões do mundo voltem a concorrer na lista principal ou nas regionais. Talvez até coubesse uma variação: tornar inelegível somente casas vencedoras duas ou três vezes, por exemplo.
O sistema acabou dando mais dinamismo à lista principal, de 50 melhores restaurantes do mundo, reforçando o que já é uma característica do prêmio —ter mais oxigenação, encontrar e divulgar talentos com maior rapidez do que o concorrente Guia Michelin.
Essa característica pode ser vista, por exemplo, na nomeação do Tuju, restaurante do chef Ivan Ralston, em São Paulo, que ganhou o prêmio especial de hospitalidade e estreou direto na 16ª posição. A casa foi reinaugurada no fim do ano passado e, por isso, não pôde aparecer no ranking de 2023 –mas pulou, logo de cara, 34 posições.
Outra novidade consistente foi o avanço do carioca Lasai da 14º para 7º posição, se tornando o brasileiro mais bem representado na lista dos 50 melhores. Pela primeira vez, um restaurante na capital fluminense liderando no Brasil.
O 50 Best elege os melhores ao compilar votos de 300 jurados, divididos entre profissionais da gastronomia, como chefs e proprietários de restaurantes, jornalistas e foodies. Eles escolhem dez estabelecimentos em ordem de preferência que tenham visitado pela América Latina —quatro das indicações devem ser de fora da área ou continente que estão representando.
O prêmio foi realizado na capital fluminense depois de um investimento de R$ 3,5 milhões da Prefeitura do Rio de Janeiro —que pagou o mesmo valor para sediar a festa no ano passado.
Em maio, a capital fluminense também recebeu a festa de premiação da edição Rio-São Paulo do Guia Michelin, que não era publicado desde 2020. O guia foi retomado depois de um investimento conjunto de R$ 9 milhões das prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro para viabilizar o prêmio até 2026 —mais um extra de R$ 1,9 milhões desembolsados pela Prefeitura do Rio apenas para a festa acontecer. Agora, a Prefeitura de São Paulo está em tratativas para que a festa do prêmio francês seja realizada no ano que vem na capital paulista.
A jornalista viajou ao Rio a convite da Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro
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