Os corpos de Shiri Bibas e de seus dois filhos, Ariel, de quatro anos, e Kfir, um bebê de apenas nove meses, foram entregues pelo grupo terrorista Hamas nesta quinta-feira (20), como parte da primeira fase do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O pai das crianças, Yarden Bibas, de 35 anos, também foi libertado no âmbito deste acordo no começo do mês, mas com vida.
A história da família Bibas se tornou um dos símbolos mais marcantes da brutalidade dos ataques terroristas perpetrados pelo Hamas no dia 7 de outubro de 2023. As imagens do sequestro de Shiri e seus filhos, divulgadas pelos próprios terroristas palestinos, comoveram o mundo. Desde então, seus rostos estamparam cartazes, manchetes e manifestações em diversos países, onde milhares exigiam sua libertação.
A família Bibas vivia no kibutz Nir Oz, uma pequena comunidade agrícola no sul de Israel que ficava próxima da Faixa de Gaza. Naquele sábado, 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas romperam as cercas de segurança que dividia a região e invadiram os kibutzim de Israel em motocicletas e caminhonetes. Em Nir Oz, houve um grande massacre, com cerca de um quarto dos moradores sendo brutalmente assassinados e vários sequestrados.
Durante aquele ataque, Shiri, de 32 anos, que trabalhou como professora na comunidade onde morava, tentou se proteger com seus dois filhos no quarto seguro de sua casa, seguindo os protocolos de segurança comuns na região. Seu marido, Yarden, que trabalhava como soldador, estava presente no momento de terror e decidiu sair para proteger sua família, mas foi capturado pelos terroristas. Antes do sequestro ocorrer, Yarden trocou mensagens com sua irmã, Ofri, relatando a invasão: “Eles estão entrando na casa”, escreveu às 9h45. Antes disso, às 6h30, havia mencionado os foguetes que caíam na região.
Shiri e as crianças foram retiradas de casa à força e levadas para Gaza. O momento da captura foi filmado pelos próprios sequestradores e publicado nas redes sociais, nele foi possível ver Shiri segurando os pequenos Ariel e Kfir. A publicação gerou uma onda de comoção e revolta. No mesmo ataque terrorista, os pais de Shiri, José Luis Silberman, um argentino, e Marguit Schneider, uma peruana, foram brutalmente assassinados em Nir Oz. José Luis, um artista plástico que imigrou para Israel em busca de paz em 1976, foi morto dentro de sua casa. Antes do ataque de 7 de outubro, Shiri e Yarden Bibas planejavam se mudar para as Colinas de Golã, buscando um ambiente mais seguro para a família devido às constantes tensões na fronteira com Gaza – não tiveram tempo para concluir este plano.
Ao longo dos meses seguintes, após o trágico dia, o paradeiro da família Bibas foi incerto. Em novembro de 2023, o Hamas alegou que Shiri e seus filhos haviam sido mortos em um bombardeio israelense, mas nunca apresentou provas concretas. Yarden, durante o cativeiro, vivia sendo torturado e recebendo notícias de que sua família inteira estava morta. Autoridades israelenses, por outro lado, mantiveram a esperança de que todos os membros voltassem para o país com vida, apesar do temor crescente de um desfecho trágico.
Após intensas negociações, Israel concordou com um segundo cessar-fogo em 15 meses de guerra em troca da libertação de mais reféns. O Hamas, seguindo o acordo, que também libertou palestinos, anunciou uma lista de pessoas cativas que entregaria. A população ainda teve esperanças de ver o retorno da família completa, já que seus nomes estavam no meio daqueles que seriam libertados pelos terroristas palestinos, mas apenas Yarden deixou Gaza com vida.
Antes de receber a trágica confirmação da morte de sua esposa e filhos, o homem, já livre, manteve a esperança de reencontrá-los bem: “Minha luz ainda está lá [em Gaza]”, disse ele, pedindo para que o governo israelense trabalhasse pelo retorno de Shiri e das crianças.
Nesta semana, os terroristas do Hamas frustraram toda essa esperança ao confirmarem a morte dos pequenos e de sua mãe, afirmando que os corpos dos três seriem entregues em caixões nesta quinta-feira. A família e as autoridades israelenses só puderam confirmar a identidade das vítimas após exames forenses realizados no Instituto de Medicina Legal de Abu Kabir, em Tel Aviv.
“Agonia. Dor. Não há palavras. Nossos corações – os corações de toda uma nação – estão em pedaços”, declarou o presidente israelense, Isaac Herzog.
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