O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta segunda-feira (3) que México e Canadá não escaparão da nova tarifa de 25% sobre suas exportações, medida que entrará em vigor nesta terça-feira (4). E avisou que vai dobrar, para 20%, a taxa sobre produtos da China. O anúncio afetou os mercados financeiros, elevando temores sobre o aumento das barreiras econômicas na América do Norte.
“Eles terão que pagar a tarifa. O que [México e Canadá] precisam fazer, francamente, é construir suas fábricas de automóveis e outros setores dentro dos EUA. Assim, não terão que enfrentar tarifas”, declarou Trump na Casa Branca. Ele também enfatizou que não há mais margem para negociações.
Além disso, o presidente anunciou que a política de reciprocidade nas tarifas de importação será aplicada a partir de 2 de abril a todos os países que impõem taxas sobre produtos americanos. A União Europeia deverá ser a mais afetada por essa nova diretriz, que fez as bolsas americanas recuarem quase 2%.
Especialistas e gestores do mercado alertam que a taxação sobre cerca de US$ 900 bilhões em importações anuais do Canadá e do México pode causar prejuízos significativos à economia americana. Paralelamente, o governo dos EUA destacou que, em 2023, morreram 72.776 pessoas no país devido ao consumo de opioides sintéticos.
Canadá e México prometem reagir a tarifaço com medidas compensatórias
As tarifas entrarão em vigor às 12h01 de terça-feira, impondo uma taxa de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos, além de uma tarifa adicional de 10% sobre a energia exportada pelo Canadá. A ministra das Relações Exteriores do Canadá, Melanie Joly, afirmou que o país está preparado para responder às medidas, classificando-as como um fator de “imprevisibilidade e caos”.
Em entrevista à CNN, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, destacou que México e Canadá avançaram na segurança de suas fronteiras, mas ainda precisam reforçar os esforços para conter o tráfico de fentanil, fator crucial para a redução das mortes causadas pelo opioide nos EUA.
Nesta terça-feira, Trump também anunciou que deve dobrar as tarifas sobre produtos chineses, elevando as taxas de 10% para 20%, caso Pequim não interrompa o tráfico de fentanil para os Estados Unidos. Lutnick não indicou mudanças nessa decisão, que pode impactar US$ 439 bilhões em importações anuais.
México tentou evitar tarifas com reforço ao combate do tráfico de drogas
Após escapar de uma primeira rodada de tarifas de Trump ao enviar tropas para reforçar sua fronteira norte, o México intensificou as operações antidrogas e sugeriu medidas adicionais sobre produtos chineses importados. A presidente Claudia Sheinbaum afirmou que responderá às novas tarifas, embora não tenha detalhado como.
O assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro, minimizou as preocupações sobre os impactos inflacionários das tarifas, classificando-os como “pequenos e de segunda ordem”. No sábado, Trump ampliou sua agenda protecionista ao anunciar uma investigação sobre importações de madeira serrada e produtos derivados, setor que já sofre com tarifas de 14,5% nos EUA sobre a madeira serrada de coníferas canadense.
Primeira ação envolveu importação de pequenos pacotes vindos dos vizinhos
Na semana passada, o presidente também ordenou a retomada de investigações tarifárias contra países que taxam serviços digitais, sugeriu uma taxa de até US$ 1,5 milhão para navios chineses que entrarem em portos americanos e abriu uma nova investigação sobre importações de cobre.
Para reforçar as medidas tarifárias contra México e Canadá, a Casa Branca emitiu no domingo novas ordens determinando que pacotes de baixo valor oriundos desses países não poderão mais entrar nos EUA com isenção fiscal para remessas abaixo de US$ 800. Autoridades alegam que traficantes de fentanil exploram essa isenção para enviar drogas e precursores químicos sem fiscalização adequada.
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