Muito em breve, a vida de uma parte dos passageiros do aeroporto de Guarulhos vai ficar um pouco mais fácil. E não só pela inauguração do aeromóvel que vai ligar os terminais à estação de trem da CPTM.
A partir do começo de novembro (para convidados) e em 27 de novembro (para o público geral), o aeroporto deve inaugurar um terminal VIP, exclusivo para quem se dispõe a pagar US$ 590 (cerca de R$ 3.400) para ir da sua casa até a porta do avião sem lidar com as filas e as grandes caminhadas típicas dos grandes aeroportos.
Controlado por um fundo do banco BTG Pactual, que investiu R$ 80 milhões no projeto, o novo terminal fica meio escondido, depois do terminal 3. Por um acordo com as autoridades do aeroporto, ele pode receber até 14 passageiros por hora —a capacidade total é maior mas, para além das restrições operacionais, o terminal quer se manter restrito a poucos passageiros.
Com arquitetura assinada pelo escritório Perkins&Will e interiores pela PS Arquitetos, comandado pela dupla Sarkis Semerdjian e Domingos Pascali, o terminal BTG Pactual não se parece, nem de longe, com um aeroporto tradicional. Apesar de ocupar uma área total de 2.400 m², o trajeto entre a calçada e a área de embarque, já no pátio do aeroporto, não chega a 100 metros. Os procedimentos de segurança e de controle de passaporte são os mesmos dos terminais já existentes, mas acontecem em um ambiente bem mais confortável e privativo.
O saguão que recebe os passageiros lembra mais o lobby de um hotel de luxo do que um aeroporto: um ambiente aberto, com bastante iluminação natural, alguns sofás, poltronas e obras de artistas brasileiros curadas pela galeria Simões de Assis. Diferente dos outros terminais, não se vê propagandas de nada —ainda que, no futuro, o terminal deva receber algumas ativações de marcas parceiras.
Quem passa por ali é recebido com drinque de boas vindas e canapés, e tem à disposição até banheiros com chuveiro —um serviço disputado e muitas vezes cobrado à parte nas salas VIP, mas que ali pode ser usado sem filas nem custo adicional.
Após passar pelos controles migratório e de segurança, o passageiro tem acesso a um segundo saguão, separado do primeiro por um jardim de inverno. Ali é possível aguardar o embarque em sofás em formato de casulo, em mesas para refeições ou em um grande sofá voltado para o pátio do terminal 3 —o melhor lugar para quem gosta de observar grandes aviões como o 747 da Lufthansa e o A380 da Emirates, que param sempre ali por perto.
Os comes e bebes seguem o padrão da casa. A coquetelaria tem a assinatura do bartender Ricardo Miyazaki, eleito em 2023 o bartender do ano pel’O Melhor de São Paulo, desta Folha. Já a gastronomia terá menus desenvolvidos especialmente para o terminal por Ivan Ralston, do Toju, eleitos chef do ano e melhor restaurante autoral da capital, respectivamente, pela mesma premiação da Folha.
Se usar um terminal tão restrito como este ainda não for exclusivo o suficiente, os passageiros têm ainda a opção de esperar seus voos em três espaços ainda mais privativos lá dentro: uma sala de reuniões; uma suíte com banheiro privativo; e um lounge assinado pela marca de champagne Dom Perignon —todos eles pagos à parte.
Na hora do embarque, os passageiros são levados do terminal até o portão em veículos elétricos da Volvo —inclusive o EX90, mais novo lançamento da montadora—, sem passar pelos terminais principais, já que cada portão já tem um elevador que o conecta com o pátio. Como tudo é coordenado com as companhias aéreas, dá para escolher embarcar antes ou depois de todos os outros passageiros.
Pelo menos nos primeiros dois meses de operação, o novo terminal funcionará apenas para embarques internacionais em voos de companhias aéreas selecionadas (Aeroméxico, Air France, Emirates, United, KLM, Lufthansa, Swiss, Latam, Air Europa, Air Canadá, South African e Ibéria) que partem de Guarulhos entre 17h e 0h. No futuro, a operação será 24 h.
Apesar de carregar o nome de um banco graças a um acordo de naming rights, o acesso ao terminal é livre a todos que topem pagar —os portadores dos cartões BTG têm entre 10% e 20% de desconto na tarifa. É preciso reservar o serviço pelo site com no mínimo 72h de antecedência.
No futuro, passageiros em conexões ou que desembarcam no aeroporto também poderão utilizar o terminal —as tarifas para esses casos ainda não foram definidas. Para embarques e desembarques domésticos, ela será de US$ 375 (R$ 2.200) mas, nesse caso, o passageiro não tem acesso ao principal lounge do novo terminal, que é o internacional.
Quem quiser chegar ao novo terminal sem enfrentar trânsito poderá contratar um pacote que já inclui, além da tarifa do terminal, o voo de helicóptero até lá e os transfer de e para os helipontos —tudo por US$ 950 (cerca de R$ 5.500). Separadamente, cada voo de ida ou volta entre a Faria Lima e Guarulhos, que dura cerca de 10 minutos, custa a partir de R$ 2.500.
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